GUILHERME SETO SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Quatro estudantes foram detidos após protesto que terminou em confusão na Câmara Municipal de São Paulo. Um grupo de cerca estudantes organizou manifestação nesta terça-feira (12) contra o projeto de lei que institui a “escola sem partido” na rede municipal de ensino. O projeto de lei, de autoria dos vereadores Eduardo Tuma (PSDB) e Fernando Holiday (DEM), estabelece que o professor “não fará propaganda político-partidária em sala de aula nem incitará seus alunos a participar de manifestações, atos públicos e passeatas”, entre outros “deveres” semelhantes. Estudantes da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes) e da União da Juventude Socialista (UJS), grupos de estudantes contrários ao projeto, protestaram nas galerias da Câmara nesta terça, queixando-se de que o projeto havia avançado na Casa, ficando pronto para votação logo no começo de 2018. Diante dos protestos, o presidente da Câmara, Milton Leite (DEM), pediu para que apenas se manifestassem nos intervalos de pronunciamentos de vereadores. Como os estudantes continuaram os protestos, ele pediu para que a Guarda Civil Municipal os retirasse das galerias. A partir daí, houve conflito com a GCM, que arrastou à força alguns estudantes e chegou a jogar gás de pimenta para dispersá-los. Em nota, a presidência da Câmara falou em “conduta inadequada” dos estudantes. “A Presidência da Câmara Municipal de São Paulo informa que solicitou a retirada de manifestantes da galeria que gritavam durante sessão plenária após o grupo ofender vereadores. Antes, o presidente estipulou as regras para a realização da sessão, dizendo várias vezes ao microfone que, para que a sessão pudesse ser realizada, os gritos de ordem poderiam ser feitos pelo grupo no intervalo entre as falas dos parlamentares e não durante. Como os vereadores foram interrompidos repetidas vezes e houve conduta inadequada por parte dos manifestantes, foi pedida a retirada dos mesmos da galeria. A Casa irá apurar a ação da GCM na galeria.” A Upes divulgou nota em que fala em “truculência” dos policiais. “GCM age de forma truculenta, marcando fisicamente de violência e repressão manifestantes que ocupavam as galerias da Câmara para lutar contra a Lei da Mordaça. Neste momento, pelo menos quatro secundas [secundaristas] estão sendo encaminhados para 1º DP – Galvão Bueno. Milton Leite, presidente da Câmara Municipal de São Paulo, não consegue viver com o espaço democrático que tem que ser a casa do Povo”. O sindicato dos professores de São Paulo (Apeoesp) manifestou-se no mesmo sentido. “Inaceitável a truculência da repressão policial contra professores, estudantes e outros segmentos sociais que se manifestavam nesta terça-feira na Câmara Municipal de São Paulo contra o projeto que tem entre seus autores o vereador Fernando Holiday, ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL) para instituir a farsa da “escola sem partido” na rede municipal de ensino da capital. Numa casa de leis, que chamam a ‘casa do povo’, é intolerável que a polícia seja chamada pelo seu presidente, o vereador Milton Leite (PSDB) para reprimir aqueles que se opõem à subtração da liberdade, ao amordaçamento de professores e estudantes, o sufocamento do livre debate de ideias e de concepções pedagógicas nas escolas, que devem ser, antes de tudo, um espaço de livre troca de ideias e produção de conhecimento.” MAIS CONFLITO Próxima dos movimentos estudantis, a vereadora Juliana Cardoso (PT) foi ao encontro dos estudantes e diz ter sido agredida por guardas. Após o ocorrido, ela se dirigiu ao hospital devido a problemas respiratórios por ter inalado gás de pimenta e para tratar de hematomas. Em postagem no Facebook, a parlamentar chamou o projeto de “lei da mordaça”, disse que funcionários da Câmara foram agredidos e que ela teria recebido voz de prisão no interior da Casa. Na semana passada, a “tropa de choque” (Inspetoria de Operações Especiais) da GCM entrou em ação na Câmara pela primeira vez no ano para separar manifestantes de grupos favoráveis e contrários à “escola sem partido.”