MARIANA ZYLBERKAN
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A escola estadual da capital paulista com melhor nota no Enem 2016 fica em uma área nobre da cidade. As salas de aula dão para uma praça arborizada e ficam a oito minutos de distância a pé da estação Sumaré do metrô, na zona oeste. No entorno, seguranças particulares circulam pelas ruas onde só há casas de alto padrão.
O colégio Professor Antônio Alves Cruz acumulou as melhores notas no exame nacional do ano passado entre todos os estabelecimentos da rede estadual na cidade.
De acordo com a coordenadora Márcia Benedicto, o bom desempenho no exame nacional tem sido constante desde 2012, quando passou a receber os alunos em período integral. “Eles ficam aqui das 7h às 16h e estão sempre em atividade”, diz.
A boa fama da escola, que chega a atrair filas no período de matrículas para as concorridas 400 vagas, tem atraído até alunos que moram em regiões longíquas e em cidades da Grande São Paulo.
Mas nem sempre foi assim. Em 2000, a escola quase fechou as portas por causa das más condições de ensino que levou a uma debandada de professores. A ameaça mobilizou ex-alunos que se juntaram e criaram um movimento batizado de Fênix para reerguer o local.
REFORÇO
Como parte do programa de ensino integral, os alunos alternam as aulas de conteúdo obrigatório com as chamadas disciplinas diversificadas, que incluem preparação para o mercado de trabalho e orientações de estudos, um reforço para quem tem dificuldade em alguma matéria.
O clima bucólico do entorno é reproduzido dentro da escola, que tem uma praça onde os alunos se reúnem toda semana para saraus de poesia. Os bancos em meios às árvores foram construídos graças à parceria da escola com um programa educacional patrocinado por uma instituição financeira.
Durante cinco anos, até 2016, o projeto manteve professores extras nos horários entre as aulas para ajudar a fixar o conteúdo e reformou outros ambientes do estabelecimento, como os banheiros e as salas de aula.
“Os professores tinham experiência em cursinhos e ajudavam bastante os alunos por terem um modo de falar mais descolado”, lembra Márcia.
Além disso, o corpo docente fixo recebe 75% a mais do que os demais da rede estadual como contrapartida pela exclusividade. Por ministrarem aulas em uma escola de tempo integral, os professores não podem trabalhar em outros lugares, o que acaba sendo comum no regime normal. Isso ajuda também a reduzir as faltas de aulas por ausência de professores.
Outro ponto que conta a favor da escola é a sua localização, de fácil acesso, próxima a uma estação de metrô e da rua Heitor Penteado, bem servida de linhas de ônibus.
“Por trabalharem em regiões próximas, como no centro e na avenida Paulista, os pais conseguem trazer os filhos de manhã cedo”, diz a coordenadora, que afirma ter tido abandono de estudos zero na escola nos últimos anos.