Caetano Veloso, 75, é um dos maiores nomes da MPB. Ao longo de cinco décadas de produção artística, o cantor e compositor acumula prêmios internacionais, além de parcerias memoráveis com diversas gerações e tem como característica sempre inovar. E desta vez não é diferente. Agora, resolveu subir ao palco com seus filhos. Caetano vai tocar violão. Moreno, 44, Zeca, 25, e Tom, 20, se revezarão em instrumentos. É esse show que será apresentado na próxima quinta-feira (21) no Teatro Positivo, em Curitiba. 

Questionado sobre se é mais fácil ou mais difícil ter uma banda em família, Caetano diz que é apenas prazeroso. “Para mim é mais prazeroso, o que torna tudo mais fácil. Um músico com quem já trabalhei comentou que cada um de nós quatro canta melhor por estar ao lado dos outros três. Há mais concentração natural, mais atenção à execução do trabalho, disse ele, em entrevista ao Bem Paraná.

A música sempre esteve presente na vida da família Veloso: desde que era cantiga de ninar até nos caminhos que cada um seguiu. Moreno gravou seu primeiro disco, Máquina de Escrever Música, em 2000. Já compôs para artistas como Adriana Calcanhotto e Roberta Sá e integrou o grupo +2, com Domenico Lancelotti e Alexandre Kassin. Zeca começou a compor solitariamente, é o estreante do grupo. Tom é o principal compositor da banda Dônica, influenciada pelo rock progressivo dos anos 70 e pela música experimental. O último disco de estúdio de Caetano é Abraçaço, de 2012 e neste ano ele terminou uma turnê pelo Brasil e Europa com Teresa Cristina. Assim, no show apresentaremos algumas dessas coisas que cresceram em nós, de nós. E canções minhas escolhidas por eles. O Leãozinho, que os filhos de tanta gente pedem, os meus não deixaram de pedir. E coisas como Reconvexo têm de estar ali confirmando a linhagem. Há clássicos de Moreno e canções novas de todos (inclusive minhas). Nas primeiras conversas, imaginamos chamar um pequeno grupo de músicos para enriquecerem os arranjos. Mas, ensaiando, decidimos ficar só os quatro no palco. O repertório foi sendo escolhido a partir de sugestões de cada um de nós, sempre tendo em vista o próprio tema da família e da convivência, disse Caetano. O som será mais para o acústico e muito singelo. Eu sou o único que só toca violão. Os outros podem se revezar em alguns instrumentos. É um show familiar, nascido da minha vontade de ser feliz. Ter filhos foi a coisa mais importante da minha vida adulta, disse ele.

No repertório dos shows, canções como O Leãozinho, Reconvexo, Um canto de afoxé para o bloco do Ilê e Todo Homem, uma bela composição de Zeca Veloso. Há muito tempo tenho vontade de fazer música junto a meus filhos publicamente. Desde a infância de cada um deles gosto de ficar perto. Cada um é um. Sempre cantei para eles dormirem. Moreno e Zeca gostavam. Tom me pedia pra parar de cantar. Indo por caminhos diferentes, todos se aproximaram da música a partir de um momento da vida. Moreno, que nasceu vinte anos antes de Zeca, formou-se em física. Tom, que nasceu cinco anos depois de Zeca, só gostava de futebol. Moreno e Tom já se profissionalizaram como músicos. Zeca, depois de passar parte da adolescência experimentando com música eletrônica, começou a compor solitariamente. Quero cantar com eles pelo que isso representa de celebração e alegria, sem dar importância ao sentido social da herança. É algo além até mesmo do ´nepotismo do bem´, na expressão criada por Nelson Motta, explicou o compsotor.

Na vitrola do mestre

Questionado sobre o que anda ouvindo na sua vitrola, Caetano diz que ouve o novo e o velho. conhecido e desconhecidos, populares e mais refinadas. Talvez é justamente daí que Caetano construa a genialidade. Tenho um tocador de CD e, quando tenho tempo, ouço discos novos que me dão, de amigos, de conhecidos e de desconhecidos. Na internet ouço coisas antigas que quero reestudar ou mostrar a Zeca (como Aracy cantando Noel, Jorge Veiga cantando samba de breque, alguma faixa de Sarah Vaughan ou Ella Fitzgerald) e novidades (como faixas do disco novo de Björk, do disco novo de Kanie West, do disco de Thiago Amud). No rádio do carro, ouço o DJ Tubarão na FM O Dia, só funk, e sambas e pagodes, além de sertanejos variados), contou ele.

A autobiografia Verdade Tropical
Recentemente, Caetano relançou a sua autobiografia `Verdade Tropical´, depois de 20 anos, e mais uma vez o mestre dá uma lição sobre a parte boa do tempo. Naturalmente estou mais velho. Eu tinha 55, tenho 75. Mas eu queria que houvesse uma nova edição. Quando me dei conta que faz vinte anos do lançamento, falei publicamente que queria. A editora Companhia das Letras comprou a ideia. Fico feliz porque gosto do livro, pelo menos de muitas das coisas que há no livro. Sobretudo a narração da nossa prisão, minha e de Gil, durante a ditadura militar. Também escrevi uma nova introdução. Que, aliás, não introduz nada e é muito fragmentária. Mas mesmo ela tem muitos momentos com graça., contou, empolgado.

Realização: OPUS PROMOÇÕES

Duração: 120min.
Classificação: Livre

Serviço
Caetano e Filhos
Quando: Dia 21 de dezembro. às 21h
Onde: Teatro Positivo Grande Auditório (R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300)
Quanto: R$ 80 a R$ 440 no Disk Ingressos