GUSTAVO URIBE
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Sob pressão para deixar o cargo, a ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois, pediu nesta quinta-feira (14) desfiliação do PSDB.
A iniciativa é uma tentativa da ministra de permanecer à frente da pasta, uma vez que a direção nacional do partido defende o desembarque da sigla da Esplanada dos Ministérios.
A decisão, contudo, não mudou a situação de Luislinda, que deve ser trocada até o final do ano pelo presidente Michel Temer.
Segundo auxiliares e assessores presidenciais, o envolvimento da ministra em polêmicas tornou inviável a sua permanência no cargo.
Em outubro, ela solicitou ao Palácio do Planalto o pagamento pelos cofres públicos de pelo menos R$ 300 mil.
O valor retroativo seria a soma da quantia que foi abatida pelo teto constitucional do acumulado do vencimento integral recebido por ela com a aposentadoria de desembargadora pela Bahia.
Segundo a íntegra do pedido, obtida pela Folha de S.Paulo por meio da Lei de Acesso à Informação, ela alegava que o trabalho executado sem a correspondente contrapartida “se assemelha a trabalho escravo”.
No início do ano, a Folha de S.Paulo revelou também que a ministra afirmava ter sido condecorada com o título de “embaixadora da paz da ONU em 2012”.
As próprias Nações Unidas, contudo, dizem que o posto não existe. O prêmio, na verdade, foi dado por uma ONG fundada pelo líder religioso coreano Sun Myung Moon.
O presidente quer indicar para o lugar da ministra alguém que tenha o respaldo da bancada feminina, na perspectiva de garantir votos para a reforma previdenciária.
Ele deve se reunir na próxima semana com deputadas da bancada para discutir opções. No Palácio do Planalto, são citados os nomes de Soraya Santos (PMDB-RJ), Rosângela Gomes (PRB-RJ) e Tia Eron (PRB-BA).