TAÍS HIRATA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os leilões de linhas de transmissão atraíram forte interesse e lotaram a sede da B3 em São Paulo, nesta sexta-feira (15).
Até dez minutos antes do início do certame, cerca de 200 pessoas ainda aguardavam para entrar, e muitos assessores e analistas que não participavam diretamente dos lances ficaram de fora.
Os grupos que mais se destacaram foram os indianos da Sterlite Power Grid -que entrou no mercado brasileiro neste ano-, a francesa Engie e a Neoenergia, que levaram os lotes com os maiores investimentos.
“Os descontos foram bastante agressivos. Estão levando em consideração redução de taxa de juros, e os lotes são interessantes, mas está acima do esperado. Olhando de fora, parece que estão assumindo um risco maior que o dos últimos leilões”, afirma Marcos Ganut, diretor-executivo da consultoria Alvarez & Marsal.
O certame realizado em abril teve deságio médio de 36,5%. A expectativa é que este supere os 40%.
A chinesa State Grid, de quem se esperava uma forte atuação no leilão, fez lances moderados.
As linhas de Tocantins e Bahia -um dos lotes em que, segundo analistas, a empresa tinha interesse-, por exemplo, ficou com a Neoenergia, que ofereceu deságio de 46.62%. A chinesa havia oferecido 26%.
“Houve uma mudança de perfil. Agora que [os chineses] já têm grandes investimentos no país, estão mais cautelosos”, afirma Thaís Prandini, diretora-executiva da consultoria Thymos.
O leilão de transmissão foi considerado fortemente atrativo por analistas do setor elétrico.
O certame seguiu a mesma estratégia do último, realizado em abril, em que foram gerados cerca de R$ 13 bilhões em investimentos: o RAP (valor anual que a concessionária poderá receber com a exploração comercial do ativo) estabelecido foi alto e gerou grande interesse, o que, por sua vez, levou a um deságio que equilibrou os valores.
NOVOS AGENTES
Os leilões deste ano marcam a entrada e a expansão de agentes no segmento de transmissão.
Após a estreia da Sterlite Power Grid, que levou dois projetos em abril, atraiu outra indiana, a Adani Transmission, que, no entanto, não levou nenhum ativo.
É o caso também da francesa Engie, que levou as linhas de transmissão do Paraná, com previsão de investimento de R$ 2,017 bilhões.
“Enxergamos a oportunidade de ampliar e diversificar a nossa atuação no país”, disse, em nota, Maurício Bähr, presidente da empresa no Brasil.
A Neoenergia, que tem forte atuação no setor de distribuição, levou dois lotes importantes e deverá ampliar sua atuação no segmento.
A previsão de investimentos com todos os projetos é de até R$ 8,7 bilhões, segundo a Aneel (agência reguladora do setor).