SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O SPD (Partido Social-Democrata) da Alemanha concordou nesta sexta (15) em iniciar conversas preliminares sobre a formação de um novo governo com a chanceler alemã, Angela Merkel, aumentando a esperança de que chegue ao fim o impasse político.
Desde 2013, os sociais-democratas governam a Alemanha em aliança com seus tradicionais rivais da conservadora CDU (União Cristã-Democrata), de Merkel.
Após a eleição em 24 de setembro, quando o partido de centro-esquerda teve seu pior resultado na história, o líder Martin Schulz descartou a possibilidade de uma nova coalizão com Merkel.
As urnas deram a vitória para a CDU, mas o partido de Merkel não conseguiu cadeiras suficientes no Parlamento para governar sozinho. Por isso, a chanceler tentou negociar uma coalizão com os Verdes e com os liberais do FDP (Partido Liberal-Democrata), mas fracassou, fazendo de um novo acordo com o SPD a principal opção de governo.
Assim, Schulz voltou atrás na declaração e abriu a possibilidade de uma coalizão. No último dia 7, os filiados do partido, reunidos em assembleia, autorizaram que a sigla pudesse iniciar as conversas.
Tanto o SPD quanto a CDU temem que, caso não formem um governo, Merkel seja obrigada a convocar novas eleições, o que poderia abrir mais espaço o partido de direita ultranacionalista AfD (Alternativa para a Alemanha).
As conversas preliminares deverão seguir até 14 de janeiro, quando o SPD tem um novo congresso que deve decidir se a sigla aceita participar de negociações formais.
Schulz, porém, enfrenta desconfiança de parte da base do SPD, que é contrária a uma nova aliança com os conservadores. Por isso, ele disse nesta sexta que a decisão final sobre um acordo deverá ser aprovada em votação pela maioria dos filiados.
“Ainda está em aberto se as conversas vão levar a formação de um novo governo”, disse ele. “Mas devo repetir, e falo isso seriamente: ao abrir as conversas preliminares nós não tomamos uma decisão de integrar um governo.”
Ele também abriu a possibilidade de apoiar Merkel no cargo, mas sem participar do governo. A chanceler, porém, já disse que prefere novas eleições a ter um governo de minoria. O impasse político é raro na Alemanha, que nunca precisou convocar uma nova eleição desde o fim da Segunda Guerra Mundial (1945).
Já são 83 dias desde a eleição de setembro sem um novo governo formado, perto do recorde de 2013, 86 dias.