TALITA FERNANDES
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), criticou nesta segunda-feira (18) quadros do partido que tentam “implodir” o governo Michel Temer. Sem citar nomes, Jucá, que também é líder do governo no Senado, disse que o PMDB não é partido com “espaço para traição”.
“Não podemos ser um partido que está falando uma linguagem contrária ao que o partido faz a nível nacional. Discordar é importante, debater é importante, temos que ter vozes dissonantes, é importante, faz parte da democracia. Agora, não podemos ter uma pessoa querendo implodir um partido, atirando contra o partido e fazendo ações deliberadas para atacar o presidente da República”, disse.
Na véspera da convenção nacional do PMDB, Jucá disse ainda que quem agir dessa forma “deve procurar outro partido”.
A legenda expulsou em novembro a senadora Kátia Abreu (Sem partido-TO) sob a justificativa de que ela adota opiniões divergentes à do partido e sobre seu tom de crítica à gestão de Temer.
Questionado pela reportagem se o PMDB deve fazer novas expulsões, Jucá disse apenas que “somente se alguém pedir para ser expulso”. Ele evitou falar em nomes que estejam agindo contra o governo e, perguntado se essa era a postura do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), por exemplo, ele disse que fazer “crítica não é o problema. O problema é agir contra”.
Senadores como Renan e Roberto Requião (PMDB-PR) têm adotado postura divergente da orientação do governo. Eles se manifestaram contra, por exemplo, a agenda de reformas que vem sendo defendida pelo Palácio do Planalto.
O senador disse ainda que o PMDB vai acrescentar ao seu estatuto, na terça-feira (19), as regras básicas de distribuição de recursos do fundo eleitoral de R$ 1,7 bilhão, criado este ano pelo Congresso e que terá validade para a disputa de 2018.
Ele afirmou que não haverá “retaliação” na distribuição do dinheiro para os que fizerem críticas ao governo, mas que o partido adotará uma política de “valorização” dos mais fieis.
“Não vai ter retaliação, mas vai ter valorização. Ou seja, aqueles que são mais fechados com a relação do partido têm que ser mais valorizados. Portanto nos vamos dar um tratamento mínimo a todos, mas a executiva nacional vai ter o cuidado de atuar de forma que aquelas figuras que são mais emblemáticas, que são candidatas a governador, a senador, a deputado federal e que têm sido leais ao partido devem receber efetivamente tratamento diferenciado”, disse.