Foi-se o tempo dos cartões de Natal que chegavam pelo Correio desde o início do mês de dezembro. Mas, com a popularização das redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas, ficou ainda mais fácil mandar cartões, músicas, imagens bonitas e desejar aos amigos um bom Natal e um ótimo Ano Novo. Mas a massificação dessas mensagens é tão grande que faz imperar a impessoalidade.

Os cartões não são enviados (nem recebidos) como mensagens especiais de uma pessoa para outra, de uma família para outra ou mesmo de uma empresa para seus clientes e parceiros. A pessoa recebe um vídeo, uma foto ou um texto e simplesmente compartilha com todos os seus contatos – muitas vezes faz isso antes mesmo de ler, ouvir e ver a mensagem completa. Se receber uma mensagem repetida, vai acabar compartilhando novamente para todos os amigos, e ainda pedindo que os amigos também compartilhem com seus próprios contatos, em uma progressão infinita de mensagens que são sempre as mesmas. Se houver um erro de Português, vai com erro mesmo. O que vale é a intenção.

Mas qual é a intenção? Tenho quase certeza de que todos nós desejamos genuinamente Feliz Natal e Boas Entradas no Novo Ano a todos os conhecidos, mas esse desejo não é transmitido quando clicamos automaticamente em enviar a todos. Mais valeria uma mensagem pessoal, pequena que fosse, mas que transmitisse desejos mais pessoais de cada um pra cada um. É pedir demais?

Voltando ao tempo dos cartões de papel, você até pode pensar: Aqueles cartões também já vinham prontos, muita gente enviava só por obrigação moral, as empresas também enviavam mensagens impessoais. Mas o trabalho de selecionar quem ia receber, a assinatura (mesmo que fosse só um rabisco) e às vezes algumas palavras escritas a caneta para reforçar a mensagem tornavam a relação um pouco mais próxima. As pessoas se sentiam no dever de retribuir os cartões que recebiam. Hoje nem abrem as mensagens – mas compartilham sem dó.

Antes que você pense que estou mergulhada em saudosismo, adianto que não estou. Apenas entediada de ver o Messenger do Facebook trazendo a todo tempo as mesmas mensagens que já recebi dezenas de vezes – e também não abri, e o Whatsapp apitando pra me dizer que chegou de novo aquela musiquinha blém-blém-blém, aquele vídeo cheio de imagens bonitas e até aquela piadinha divertida, mas que já perdeu a graça porque chegou inúmeras vezes.

E vou parando por aqui porque já estou perdendo o espírito de Natal e me tornando azeda. Mas reforço o pedido: no próximo ano, vamos tentar ser mais próximos de verdade e menos automáticos. Não sois máquinas, homens é que sois, já nos alertava o bom Charlie Chaplin. 

Adriane Werner é jornalista, especialista em Planejamento e Qualidade em Comunicação e Mestre em Administração