Pode não parecer, mas o touro Ferdinando, protagonista de ‘O Touro Ferdinando’, já tem mais de 80 anos. Ele é uma criação do norte-americano Munro Leaf, que o teria escrito em uma única tarde, em 1935, a pedido do ilustrador Robert Lawson, para um livro infantil. Em 1938, Walt Disney adaptou o material para uma animação de curta-metragem e, com isso, ganhou um Oscar. A história é manjada: um touro pacífico, que não gosta de lutas e muito menos de touradas, adora ficar no campo cheirando flores. Mas acaba selecionado por acidente para uma tourada. Na hora H, ele prefere cheirar as flores atiradas na arena, para desespero do toureiro, que hilariamente pede de joelhos para que o animal lute.

Para fazer uma história de 10 minutos preencher uma animação 3D de 108 minutos, a Blue Sky Studios, os roteiristas e o diretor Carlos Saldanha – o mesmo da franquia ‘A Era do Gelo’ – tiveram que dar uma bela estendida. Ferdinando, o touro, ganhou uma infância, um pai, uns inimigos e uma família humana. E a história ganhou mais bichos fofinhos para um escape cômico.

Se o livro de Leaf e o desenho da Disney tinham um cunho pacifista – foram feitos antes da Segunda Guerra Mundial, – a animação de Saldanha (que é brasileiro) ataca os maus-tratos aos animais e o bullying. Por não querer saber de lutar desde bezerrinho, Ferdinando torna-se vítima dos outros jovens bezerros da fazenda, especialmente Valente. E, uma vez adulto, descobre que os touros não selecionados para as touradas podem ter um destino pior. Apesar disso tudo, a história é recheada de situações que farão a alegria da criançada.