Você já percebeu que machucamos muito mais as pessoas de quem mais gostamos? Seja seu par amoroso, um irmão, um amigo próximo ou os pais, o fato é que, quanto mais próximo for o outro, maiores as chances de nos magoarmos uns com os outros. Mas o que nos leva a ferir justamente aquelas pessoas de quem mais precisamos?

Pensei no assunto ao perceber o quanto isso ocorre comigo. Ofendo e sou ofendida pelas pessoas mais queridas, mais próximas. E tenho certeza que isso também acontece com você. Mas, ao pesquisar o assunto para escrever aqui, não achei sequer uma resposta satisfatória. O jeito, então, foi buscar as possíveis respostas com meus botões mesmo. E cheguei a algumas possibilidades:

– A intimidade é uma m…
Esta frase, estampada em adesivos nos carros por aí, esconde uma grande verdade. Quanto mais íntima a pessoa for, mais nos sentiremos à vontade para falar com ela sem papas na língua. Falamos o que vem à cabeça. E vice-versa. A cumplicidade que construímos com as pessoas muito próximas faz com que não tenhamos vergonha de expressar amor, mas também faz com que desprezemos a doçura e as gentilezas que usamos com os estranhos. Palavras pesadas, que jamais usaríamos com pessoas mais distantes, falamos sem titubear com os da nossa intimidade.

– As pessoas mais próximas são… as mais próximas
A menos que você seja daquelas pessoas explosivas, que brigam no trânsito, na fila do restaurante, no bar ou em qualquer lugar, é bem provável que você só brigue com as pessoas que são próximas. As regras tácitas de convivência social fazem com que usemos de mais gentileza com estranhos do que com aquelas pessoas que mais estão perto – e que, muitas vezes, são as que mais merecem nossa cortesia.

– Sentimento de posse
Com o desenvolvimento da intimidade, tendemos a ver o outro como nossa posse. Sem perceber, passamos a agir como donos do outro. A qualquer contrariedade, qualquer ação do outro diferente das nossas expectativas, instala-se a guerra. Bem… nem preciso lembrar que não somos donos uns dos outros. As pessoas devem conviver conosco em liberdade, porque escolhem estar ao nosso lado, porque querem nossa companhia, e não por se sentirem presas, amarradas, obrigadas.
Ensinamos nossas crianças a usarem as famosas palavrinhas mágicas: com licença, por favor, obrigado, de nada… Mas não é raro que esqueçamos essas palavrinhas na idade adulta. Guardamos a boa educação só para os estranhos e soltamos os cachorros em cima dos nossos mais caros. Pense nisso, não são as pessoas mais próximas, aquelas que nós mais amamos, que deveriam receber o nosso melhor? 

Adriane Werner. Jornalista, especialista em Planejamento e Qualidade em Comunicação e Mestre em Administração. Ministra treinamentos em comunicação com temas ligados a Oratória, Media Training (Relacionamento com a Imprensa) e Etiqueta Corporativa.