Com direção de Ana Teixeira e Stephane Brodt, a mais nova criação do Amok Teatro — ‘Os Cadernos de Kindzu’ — tem como ponto de partida o universo do escritor Mia Couto, de Moçambique, em seu livro ‘Terra Sonâmbula’. O espetáculo conta a trajetória do jovem Kindzu que, para fugir das atrocidades de uma devastadora guerra civil, deixa sua vila e parte para uma viagem iniciática. Nela encontra outros fugitivos, refugiados e personagens repletos de humanidade que lhe farão viver experiências ancoradas tanto na cultura tradicional do sudeste da África, quanto na vivência de um conflito.

Como o menino Muidinga e o velho Tuahir do livro de Mia Couto, mergulhamos nos doze cadernos que compõem o diário de Kindzu e trilhamos a via das narrativas que revelam a dimensão onírica e mítica da existência, como formas de resistir à violência, declara a diretora Ana Teixeira. Kindzu é parte de uma trajetória iniciada com Salina (A última vértebra), na qual o grupo investiga as formas narrativas, com inspiração em tradições de matriz africana. Salina e Kindzu trazem duas diferentes visões sobre o continente africano e duas diferentes propostas de linguagem cênica: Enquanto Salina é um mergulho numa África ancestral, Kindzu faz uma incursão numa África pós-colonial.

O texto de Os Cadernos de Kindzu foi abordado com a abertura de quem busca um diálogo criativo e não uma tradução cênica de uma obra literária. Ao longo desse processo, uma nova narrativa foi se construindo. A trajetória de Kindzu e seus companheiros encontrou uma identidade própria na cena, porém sem se afastar da escrita de Mia Couto, de sua riqueza poética e suas imagens ancoradas na cultura oral africana, explica Stephane Brodt.

Passando do conto à ação e da palavra ao canto, o espetáculo propõe uma incursão na guerra de independência do Moçambique para, a partir daí, explorar a natureza humana e a necessidade de reconstruir a vida e a memória. Com Os Cadernos Kindzu, o Amok Teatro aborda o fantástico, explora a língua portuguesa em diferentes sonoridades e investiga diferentes formas da narrativa, no contexto de culturas africanas, afro-brasileiras e, agora, afro-lusitanas. Com Kindzu, a música, a literatura e o teatro se fundem numa expressão única e indissociável.

‘Os Cadernos De Kindzu’ estreou no Rio de Janeiro e recebeu 13 indicações aos mais importantes prêmios do teatro: Prêmio Shell de direção (Ana Teixeira e Stephane Brodt), ator (Thiago Catarino), música (Stéphane Brodt e atores), Prêmio Cesgranrio de melhor direção e melhor espetáculo, Prêmio Botequim Cultural de melhor espetáculo, atriz (Graciana Valladares), atriz coadjuvante (Luciana Lopes), autor (Ana Teixeira e Stephane Brodt pela adaptação do texto) e Prêmio APTR de melhor atriz coadjuvante (Luciana Lopes), de melhor ator coadjuvante (Gustavo Damasceno), melhor ator coadjuvante (Stephane Brodt) e melhor música (Stephane Brodt).


Oficina ajuda na improvisação

Nos dias 20 e 21 de janeiro (hoje e amanhã), das 14h às 18h, acontece a oficina Treinamento-Improvisação – Os Caminhos do Ator no Amok Teatro. Ministrada pela diretora Ana Teixeira (a diretora de ‘Os cadernos de Kindzu’), a oficina propõe um olhar sobre a improvisação no jogo do ator, como um caminho que articula técnica e organicidade.

Trata-se de uma prática teatral, onde o corpo do ator não é visto somente como um instrumento atlético, mas também como um reservatório de sensações que determinam as ações, fazendo coincidir interioridade com exterioridade.

Pelo treinamento, os meios de expressão do ator passam a oferecer um suporte concreto à sua capacidade de criação. A oficina também tem por objetivo desenvolver a presença cênica do ator, conhecer e edificar sua individualidade e acessar uma determinada linguagem cênica, além de auxiliar diretores e atores na investigação de processos poético-pedagógicos.
Os interessados em participar devem encaminhar um breve currículo, com no máximo 10 linhas ao e-mail [email protected].


Amok Teatro

Dirigido por Ana Teixeira e Stephane Brodt, o Amok Teatro caracteriza-se pela dedicação a um processo contínuo de pesquisa sobre a arte do ator e as possibilidades de encenação. Desde sua fundação, em 1998, o grupo tem recebido diversos prêmios nacionais e um grande reconhecimento da crítica e do público seus espetáculos. Na atualidade, é considerada uma das companhias de teatro de maior prestígio da cena carioca contemporânea. Além do Brasil, o Amok vem se destacando na China, onde se apresenta desde 2014. Os processos de criação e formação estão profundamente ligados nos trabalhos do Amok Teatro. A pedagogia responde à necessidade de promover uma dimensão do teatro que não se limita à produção de espetáculos e busca transmitir valores artísticos que não têm como único objetivo os resultados.


Serviço

Teatro: ‘Os Cadernos de Kindzu’
Onde: Caixa Cultural Curitiba. Rua Conselheiro Laurindo, 280 – Curitiba (PR).
Quando: De hoje a domingo. Sexta e sábado, às 20h; e domingo às 19h.
Quanto: vendas a partir de 13 de janeiro (sábado). R$ 10 e R$ 5 (meia – conforme legislação e correntistas que pagarem com cartão de débito CAIXA). A compra pode ser feita com o cartão vale-cultura.
Bilheteria: (41) 2118-5111 (De terça a sábado, das 12h às 20h. Domingo, das 16h às 19h.)
Oficina: Treinamento-Improvisação – Os Caminhos do Ator no Amok Teatro
Data: 20 e 21 de janeiro de 2018.
Horário: das 14h às 18h