ÁLVARO FAGUNDES E JOANA CUNHA SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A retomada na confiança no Brasil pelas multinacionais não é notada só pelo aumento no envio do lucro às matrizes. Executivos das matrizes de dezenas de empresas mudaram o tom reticente e agora manifestam esperança com a situação no país. Levantamento da reportagem, feito a partir de teleconferências com analistas de 130 multinacionais no terceiro trimestre, identificou avaliações positivas por parte dos executivos em relação ao Brasil em quase 80% dos casos. Outros 9% ainda fazem ressalvas e cerca de 13% continuam pessimistas com o país.

Há pouco mais de um ano, pesquisa semelhante identificou comentários otimistas por parte dos executivos em 52% dos casos. O país era uma preocupação demonstrada pelas chefias das multinacionais no início de 2015, quando apenas 22% das empresas viam boas oportunidades por aqui. A constatação de que está em curso uma retomada é quase unânime, como nas palavras de Héctor Gutiérrez, diretor financeiro da Coca-Cola Femsa, que se diz “motivado” pelos sinais de recuperação do consumo no país. Os sinais de melhora no cenário macroeconômico e no desempenho das operações brasileiras foram pontuados por diretores de gigantes como MasterCard, Dufry, Allergan, Sanofi e Western Union.

“Pela primeira vez em mais de um ano, vemos o crescimento da indústria em linha com as nossas expectativas”, disse James Peters, diretor da Whirlpool, dona de marcas como Brastemp e Consul. O otimismo, porém, tem tom moderado —como diz James Zallie, da americana Ingredion (de refino de alimentos), a melhora da economia “está só no começo”— e ainda está cercado de ressalvas. “A economia dá sinais claros de que atingiu o fundo do poço. O desemprego está recuando. Mas a economia ainda está no modo frugal. Isso deve mudar no próximo ano”, diz Soren Schroder, presidente-executivo da Bunge. “O Brasil ainda está bem complicado. A indústria teve uma queda tremenda”, diz Rob Charter, presidente da Caterpillar, de veículos pesados.