SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O vice-presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, disse nesta quarta (7) que está conversando com o presidente Jacob Zuma sobre uma transição de poder, em uma sinalização que o atual líder do país deve deixar seu cargo em breve.  Ramaphosa, que comanda também o partido governista CNA (Congresso Nacional Africano), disse em nota que o diálogo busca “criar a base para uma resolução rápida sobre os interesses do nosso país”.  “Este é um momento de desafio para nosso país. Ambos, o presidente Zuma e eu, sabemos que o nosso povo quer e merece uma decisão. O processo construtivo no qual embarcamos oferece a melhor oportunidade para resolver essa questão sem discordâncias ou divisões”. As conversas entre os dois líderes começaram na noite de terça (6), após a cúpula do CNA ter concordado em adiar para o próximo dia 17 um encontro que debateria a situação de Zuma.  O presidente enfrenta pressão de seu próprio partido e da oposição para renunciar ao cargo em meio a uma série de denúncias de corrupção.  Ramaphosa, que substituiu Zuma em dezembro no comando do CNA, afirmou em seu comunicado que espera comunicar ao país e a seu partido “nos próximos dias” uma decisão sobre a questão.  “Nós avisaremos sobre a posição do presidente Zuma assim que finalizarmos todas as questões envolvidas”, disse ele. A situação de Zuma piorou na terça (6), quando o Parlamento decidiu adiar o Discurso sobre o Estado de União que ele faria. A Casa deve votar no dia 22 uma moção para tirá-lo do cargo.  Segundo o jornal sul-africano “Times”, Zuma já aceitou deixar o cargo, mas ainda está negociando alguns detalhes com seu vice.  Caso a renúncia se confirme, Ramaphosa  -ex-líder sindical que se tornou um dos empresários mais ricos do país- deve assumir a Presidência até o fim do mandato, em 2019. O CNA comanda a África do Sul desde o fim do apartheid, em 1994, mas teme perder força nas próximas eleições devido aos escândalos contra Zuma. Ele é acusado de ter usado dinheiro público para fazer reformas em sua residência pessoal e de ter beneficiado a família Gupta, suspeita de ter pago propina para autoridades do país.