ESTELITA HASS CARAZZAI
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – Após ver o governo dos EUA ser paralisado pela segunda vez no ano, o Congresso do país aprovou uma nova lei orçamentária que deve reverter o chamado shutdown. A lei, porém, ainda precisa da assinatura do presidente Donald Trump.
Sem a lei orçamentária, a administração de Trump não pode fazer despesas e os órgãos federais deixam de funcionar.
A votação da lei emperrou nesta madrugada, diante da oposição de um único senador, e republicano: Rand Paul.
Ele se disse preocupado com o aumento da dívida pública com a proposta, e pediu que fosse votada uma emenda sobre o tema. Na prática, a medida obstruiu a votação. Por volta das 2h de Brasília (23h em Washington), o Senado decretou recesso, consolidando o shutdown. O Congresso tinha até a meia-noite de sexta (3h em Brasília) para aprovar a lei e evitar a paralisação.
“Eu quero que as pessoas se sintam desconfortáveis. Eu quero que elas respondam: Como é que vocês eram contra os deficits do presidente Barack Obama e agora vocês apoiam deficits republicanos?”, discursou Paul.
No dia anterior, os senadores haviam chegado a um acordo bipartidário que definiria o orçamento pelos próximos dois anos. Democratas e republicanos comemoraram a proposta, que tirou de pauta temas polêmicos como a imigração, que dividia o congresso, a fim de atingir um consenso. Mas a lei estabelece despesas adicionais de US$ 400 bilhões no período, a fim de contemplar reivindicações tanto de republicanos (em especial, programas militares) quanto de democratas (em políticas domésticas).
Houve oposição à ideia, e de ambos os partidos.
CRÍTICAS
Do lado republicano, a crítica principal era sobre o aumento de gastos.
Republicanos são críticos do aumento da dívida pública, e fizeram forte oposição aos deficits fiscais do governo Obama.
Do lado democrata, a maior oposição vem da Câmara, onde a líder Nancy Pelosi disse que não aceitaria um acordo que não contemplasse o destino dos dreamers, jovens imigrantes que chegaram crianças aos EUA e que estão sob ameaça de deportação. Ela chegou a ficar oito horas discursando no plenário da Casa na quarta (8), a fim de atrasar o debate.
O Senado ainda faria uma nova tentativa de votação da lei ao longo da madrugada. Apesar da obstrução de Paul, a expectativa é que ela fosse aprovada com folga na casa, em função do acordo bipartidário costurado nesta semana.
A coisa deve ser mais complicada na Câmara, que também precisa aprovar o orçamento na sequência. Deputados foram alertados para se prepararem para o voto durante a madrugada ou de manhã cedo. Caso a lei seja aprovada nas duas casas ainda nas primeiras horas desta sexta, o governo poderá retomar as atividades.
É a segunda vez que a gestão de Trump enfrenta um shutdown no mês passado, o governo ficou paralisado durante três dias, e só voltou a funcionar por causa de um acordo temporário sobre o orçamento, que expirou nesta sexta (9).