SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Funcionários da Oxfam suspeitos de má conduta sexual no Haiti intimidaram e ameaçaram uma testemunha quando a entidade passou a investigar as denúncias, diz relatório interno divulgado nesta segunda-feira (19).
O relatório mostra também que o diretor da Oxfam no país caribenho, o belga Roland Van Hauwermeiren, teve um relacionamento com uma haitiana de 16 anos quando ele tinha 61. Durante a investigação, Van Hauwermeiren também admitiu ter pago por sexo com prostitutas.
O relatório era confidencial, mas a Oxfam decidiu torná-lo público após ser acusada de encobrir abusos cometidos por seus funcionários depois do terremoto de 2010.
“Estamos fazendo essa publicação excepcional porque queremos ser tão transparentes quanto possível sobre as decisões que tomamos nessa investigação em particular e em reconhecimento à quebra de confiança que foi causada”, disse nota da entidade.
“Vamos também nos encontrar com o governo do Haiti para pedir desculpas por nossos erros e discutir o que mais podemos fazer, inclusive para as mulheres afetadas por esses eventos.”
A investigação teve início após o recebimento de um e-mail que dizia que funcionários haviam violado o código de conduta da Oxfam ao trazer prostitutas para seus abrigos, além de cometer fraude, nepotismo e negligência.
Enquanto a investigação corria, o relatório foi vazado.
“Por causa disso, três dos suspeitos ameaçaram fisicamente e intimidaram uma das testemunhas citadas no relatório. Esse incidente levou a acusações adicionais de bullying e intimidação contra esses três funcionários”, diz o relatório final.
SETE SUSPEITOS
A Oxfam apurou denúncias de que sete membros tiveram encontros com prostitutas em propriedades da organização. Dois deles também foram investigados por “exploração sexual e abuso de empregados”, e dois supostamente acessaram material pornográfico em computadores da entidade. Os sete se demitiram ou foram demitidos.
Van Hauwermeiren, diretor de operações no Haiti, admitiu ter feito sexo com prostitutas, mas recebeu “uma saída digna e gradual” em troca de cooperação com a investigação.
A haitiana Mikelange Gabou disse ao jornal “The Times” que teve uma relação com Van Hauwermeiren aos 16 anos -quando ele tinha 61. Segundo seu relato, o belga dava dinheiro e fraldas para seu bebê.
O belga algumas vezes convidava para sua casa mulheres que procuravam trabalho, às quais dava dinheiro. Na semana passada, ele negou ter organizado orgias com jovens prostitutas, mas admitiu ter tido relações sexuais com uma “mulher respeitável e madura”, sem entregar dinheiro.
Segundo o relatório, “não é possível excluir a possibilidade de que prostitutas tenham sido menores de idade”.