FELIPE BÄCHTOLD
ITAGUAÍ, RJ (FOLHAPRESS) – Depois de cortes orçamentários e atrasos, a montagem do primeiro submarino do programa Prosub, da Marinha, entrou na etapa final nesta terça-feira (20), em Itaguaí (RJ).
Uma solenidade com a presença do presidente Michel Temer marcou o início da fase de integração do submarino Riachuelo, em que diferentes partes do equipamento são acopladas e integradas.
A previsão é que o submarino seja lançado ao mar no fim de 2018. O atraso é estimado em dois anos.
O comandante da Marinha, Eduardo Bacellar Leal Ferreira, citou entre as justificativas “dificuldades” de orçamento e mudanças no projeto original.
“Toda a esfera governamental sentiu muito os cortes orçamentários que tivemos”, disse, a jornalistas.
Na cerimônia com Temer, que contou também com as presenças dos ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e da Casa Civil, Eliseu Padilha, Leal Ferreira defendeu “o aporte constante de recursos” para que o programa seja mantido nos moldes atuais.
Em entrevista, o oficial falou que considera pouco o percentual dos gastos militares no país. “Não é uma coisa que pese para a nação”.
O Prosub já teve gastos estimados em R$ 16,4 bilhões desde 2009, segundo a Marinha, o que inclui a instalação do complexo naval. Além do Riachuelo, outros três estão em construção e há o projeto, em andamento, de um submarino nuclear com previsão para finalização em 2029.
Temer, ao discursar na cerimônia, disse que a construção do submarino representa a “soberania” do país e uma garantia de proteção do “patrimônio” nacional.
A exploração do pré-sal, a segurança dos navios mercantes e a capacidade de “dissuasão” são frequentemente citadas como argumentos para as despesas do governo federal com essa área.
O programa de submarinos inclui um acordo de transferência de tecnologia com a França.
LAVA JATO
O Prosub chegou a ser mencionado na Operação Lava Jato.
Em uma planilha de propina da Odebrecht, por exemplo, o programa é listado como origem de créditos.
O comandante da Marinha diz que o programa é submetido a auditorias e avaliações de órgãos como o Tribunal de Contas da União e que não foram identificadas falhas desde o início do projeto. Também nega que a operação tenha contribuído para atrasos.