Depois dos casos de febre amarela, é vez da gripe chamar a atenção. Nos últimos dias, os principais noticiários comentam de uma epidemia gripal nos Estados Unidos, decorrente de um vírus conhecido como H3N2 e que está se prolongando rapidamente, tendo acometido todos os estados americanos, exceto o Havaí.
No Paraná, dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) apontam que tal vírus já havia se tornado o de maior circulação no estado ainda em 2017, quando foram registrados 209 casos e 35 mortes em decorrência do H3N2. Um incremento significativo, considerando-se que em 2016 haviam sido quatro casos relacionados a esse tipo do vírus influenza, com o registro de um óbito.
Acontece que tal notícia não é de um todo ruim, como aponta a pediatra Myrna Perez Campagnoli. A vacina gera uma imunidade temporária e parcial. Já a infecção pelo vírus pode tornar a pessoa menos suscetível a uma nova infecção, o que significa que grande parte das pessoas que entraram em contato com a doença podem ter desenvolvido uma imunidade parcial, explica a médica. Então, isso acaba sendo mais um fator protetor do que um complicador, complementa.
Outra boa notícia é que a Organização Mundial da Saúde (OMS) deve anunciar nas próximas semanas a composição da vacina antigripal para a temporada, que deverá começar a ser produzida logo em seguida para chegar ao mercado brasileiro entre o final de março e começo de abril.
Devemos ter para o hemisfério sul uma composição semelhante a que será indicada para os EUA. E aí teremos uma vantagem, porque já pegamos a vacina testada no hemisfério norte, explica a pediatra.
Enquanto as vacinas não chegam, porém, os esforços da população devem ser no sentido de readquirir hábitos e cuidados como lavar as mãos com frequência e usar o álcool gel, algo que acabou sendo esquecido após a crise mundial de gripe suína de 2009, segundo aponta o otorrinolaringologista Paulo Mendes Jr.
Quanto mais tempo passa de uma epidemia para outra, as pessoas esquecem dos cuidados. Vemos isso no dia a dia no consultório: em 2009 era uma loucura, todo mundo com álcool gel. Hoje são poucos os que entram e usam, diz o especialista.

Viajantes aos EUA podem tomar vacina
Com o inverno no hemisfério norte, a Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba orienta os viajantes a ficarem atentos aos sintomas da gripe. Até 30 de março, as 111 unidades de saúde da cidade ofertam a vacina da gripe (de 2017) para pessoas com viagem marcada a países do hemisfério norte. A vacina da gripe estará disponível enquanto durarem os estoques nas unidades de saúde. De acordo com o diretor do Centro de Epidemiologia, Alcides Oliveira, a vacina do ano passado oferece proteção para algumas cepas circulantes no hemisfério norte. Por isso, estamos abrindo essa possibilidade para quem não se vacinou no ano passado e está com viagem marcada. A indicação é se vacinar para evitar adoecer ao longo da viagem e não retornar doente pela gripe, explica Oliveira.