Três de cada dez imóveis inspecionados a cada dia pela Comissão de Segurança de Edificações e Imóveis (Cosedi) apresentam problemas estruturais, que tornam esses locais mais vulneráveis a estragos provocados pela intensidade da chuva e do vento.

A informação é do coordenador técnico do órgão, engenheiro civil Marcelo Alexandre Solera, que nesta quinta-feira (22/2) falará sobre o assunto durante a segunda capacitação oferecida na gestão Rafael Greca sobre gerenciamento em proteção e defesa civil. O evento, voltado para agentes que atuam na Defesa Civil, está acontecendo desde segunda-feira (19/2) no Centro de Formação e Desenvolvimento Profissional da Guarda Municipal, na Cidade Industrial.

Alguns exemplos desses problemas são decorrentes da forma como os imóveis são construídos ou da falta de conservação. Nada desses problemas aconteceria se cuidados básicos fossem tomados pelos proprietários de casas e apartamentos, como estar em dia com a manutenção dos imóveis e só executar obras novas ou reformas com a supervisão de profissionais habilitados, diz o especialista. Ele observa que, em períodos de chuva intensa, constante e acompanhada de vento, o risco de desabamento cresce, colocando vidas e imóveis em risco.

Olhar atento

Segundo o engenheiro, é imprescindível estar atento ao que ele chama de sinais de risco estrutural – na prática, pistas de que partes da estrutura das edificações estão comprometidas. Entre elas estão rachaduras, trincas ou fissuras, inclinação de muros ou paredes e corrosão da armadura de concreto que sustenta pilares e vigas. É como se uma edificação fosse o corpo humano e a estrutura de concreto armado, os seus ossos. Se os ossos (estrutura) não estiverem fortes, não podem sustentar o corpo (edificação), compara.

A solução ideal é observar constantemente o interior e o exterior do imóvel e fazer reparos quando o desgaste aparecer em paredes, lajes e muros de divisa (que separam ambientes) ou arrimo (para sustentar taludes, que são paredões de terra resultantes da escavação de terrenos inclinados). Ao primeiro sinal de corrosão do concreto, o caminho é corrigir a falha. Se ela for mais profunda e tiver atingido a estrutura de aço, o jeito é substituir a parte afetada. Só então deve ser feita nova concretagem. A corrosão reduz muito a resistência do aço e precisa ser combatida porque a chuva e o vento aumentam as chances de desabamentos, explica Solera.

Além do mau tempo

Com o passar dos anos, outros tipos de desgastes são inevitáveis e podem representar riscos para os usuários dos imóveis. Há instalações não visíveis em sua totalidade, como as de água e luz, que sempre darão sinal quando tiverem vazamentos e quedas de tensão. É a deixa para fazer os reparos antes que o problema se agrave, diz Solera.

O risco é maior com mangueiras de gás e registros (dispositivos que liberam e bloqueiam a passagem do produto). Isso acontece porque a identificação dos vazamentos é feita quando o odor típico do GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) é liberado. É preciso providenciar a substituição desses componentes dentro do prazo e fazer a manutenção de aquecedores e centrais de gás de acordo com a orientação do fabricante, antes de começar a sentir o cheiro. Do contrário, pode ser tarde para prevenir uma tragédia, alerta.