GUSTAVO URIBE
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O governo federal irá distribuir, no início de março, 530 refugiados venezuelanos de Roraima para São Paulo e Amazonas.
A decisão foi tomada em reunião, nesta quarta-feira (21), no Palácio do Planalto, do comitê federal de ajuda emergencial.
Segundo o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, 350 irão para São Paulo e 180, para o Amazonas. Eles serão transferidos para locais com vagas em abrigos e postos de trabalho previamente acordados com autoridades locais.
O perfil inicial dos venezuelanos que serão deslocados será de homens solteiros, com qualificação profissional e que demonstraram desejo de permanecer no Brasil.
Eles estão atualmente em período de quarentena após terem sido vacinados e imunizados contra doenças como sarampo e febre amarela.
“Os imigrantes que sejam aptos a interiorizar, que são geralmente homens solteiros e com qualificação profissional, começarão a ser transferidos. Nós temos previsão em São Paulo e Amazonas de aceitação de trabalhadores para desafogar a fronteira”, disse a subchefe de articulação da Casa Civil, Natália Marcassa.
A ideia do governo federal é repetir o que foi feito em 2015, quando refugiados haitianos foram transferidos do Acre para São Paulo, Paraná e Santa Catarina para trabalharem principalmente em frigoríficos.
Ao todo, mais de 40 mil venezuelanos atravessaram a fronteira e estão acampados nas cidades de Boa Vista e Pacaraima, onde sobrecarregaram o sistema de saúde pública e geraram aumento nos índices de violência.
De acordo com o Padilha, em torno de 40% da população que atravessou a fronteira é formada por homens solteiros com interesse em vagas de trabalho.
“Nós temos três tipos pessoas. As pessoas que buscam comida para família e retornam para a Venezuela. As pessoas que vieram para permanecer na região, especialmente as famílias indígenas. E aquelas que querem se internalizar para cidades onde possam ter ocupação”, disse o ministro.
Em entrevista à imprensa, Marcassa afirmou ainda que o governo federal irá fazer dois novos centros de acolhimento e triagem em Boa Vista e Pacaraima.
Eles terão capacidade para 1.500 refugiados, com a oferta de comida, remédios e atendimento médico. Em Boa Vista, ele será erguido próximo à praça Simão Bolívar, onde acampa a maior parte dos refugiados.
Na reunião, ficou definido ainda que haverá reforço no envio de alimentos, medicamentos e abrigos para Roraima. Segundo o ministro, as iniciativas terão, em um primeiro momento, um custo total de cerca de R$ 70 milhões ao governo federal.
Na semana passada, o presidente Michel Temer decretou estado de emergência social em Roraima devido à entrada de milhares de refugiados venezuelanos.
A medida provisória permitiu o repasse imediato de recursos pelo governo federal e a atuação das Forças Armadas na coordenação das ações humanitárias.
Com a iniciativa, foi duplicado de 100 para 200 o efetivo militar na região de fronteira e enviado ao local um hospital de campanha, com capacidade para cirurgias e consultas.