THAIS BILENKY
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, afirmou à reportagem que não vai mais concorrer com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, nas prévias para a escolha do candidato do PSDB à Presidência.
“Participar de uma fraude, eu não vou, não. Vou dar uma explicação bem clara ao país dos porquês. Por mais que eu soubesse que eu poderia [disputar], seria uma coisa menor. Porque não estou aqui para criar constrangimentos para o Geraldo”, disse.
Com a desistência, Virgílio encurta o caminho do paulista para a disputa presidencial. O partido se preparava para realizar as prévias em março. Alckmin deverá se desincompatibilizar do Palácio dos Bandeirantes em 7 de abril para começar oficialmente a campanha pelo país.
Aliados de Alckmin se mostraram aliviados com a decisão do manauara.
Virgílio fez duras críticas ao agora virtual candidato tucano. “Conheci um dos homens públicos menos sinceros e mais capazes para a desfaçatez e fingimento em 40 anos de vida pública”, disse.
Nos últimos meses, o prefeito de Manaus vinha reclamando da forma como o PSDB e Alckmin, em particular, conduziram o processo, primeiro, de sucessão de Aécio Neves na presidência do partido e, depois, da definição da candidatura presidencial.
Para Virgílio, decisões de cúpula sem ouvir a militância deterioraram a vida partidária e minaram a credibilidade do PSDB.”Eles [caciques tucanos] pensam ainda que são melhores, como se fossem de certa elite política brasileira, algo que colocaram na cabeça e não querer tirar”, criticou.
“Mas tenho clara noção de como se sente o eleitor brasileiro e como ele vê os partidos e o meu partido, em particular. Além dos defeitos tradicionais que os demais acumulam, o PSDB traiu a esperança dos 51 milhões que votaram em Aécio [em 2014].”
“É preciso abrir a discussão sobre desigualdades regionais, sobre o partido, hoje condenado e execrado pela população. Eles não entendem isso, assim como não entendem de Amazônia, uma região de importância simbólica para o mundo inteiro”, atacou.
Além de criticar Alckmin por acumular a presidência do PSDB com a pré-candidatura, o prefeito defendia a realização de uma série de debates em vários Estados do país para preparar o partido para as prévias.
Nesta sexta-feira (23), porém, o PSDB anunciou que a eleição interna seria realizada no dia 18 de março com um debate entre os pré-candidatos no dia 14, realizado na sede do partido, em Brasília, transmitido pela internet. O prazo para inscrição dos pré-candidatos vai até o dia 5 de março. Não há nenhum tucano com envergadura que tenha se colocado até agora.
“É muita pretensão você achar que exaure a discussão de um projeto para o Brasil com um debate. Geraldo assumiu todo o seu lado de mediocridade, o lado de uma pessoa limitada, que até as piadas que conta são meio jeca”, afirmou Virgílio.