RANIER BRAGON E CAMILA MATTOSO BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Sentado em uma das cadeiras do plenário da Câmara, Adalberto Cavalcanti (Avante-PE), 60, dá risadas quando é questionado sobre as “cifras” que estão sendo oferecidas aos parlamentares. “Ela está me perguntando em cifras!”, reagiu rindo o deputado, olhando para um colega na fileira de trás. “Mas você acha que alguém que recebe proposta vai te dizer?” A reportagem apurou que ele é um dos assediados e espera posicionamento do seu partido, que se chamava PT do B. “Minha amiga, proposta e cantada é uma atrás da outra. É igual mulher. Todos têm proposta.” PERGUNTA – O senhor recebeu proposta para sair? ADALBERTO CAVALCANTI – Me chamaram para ir para o PP, DEM, mas eu não vou. Partido é igual religião, Deus é um só. Tem um monte de partido, mas Deus é um só. Eu fui para o PMB e me lasquei. Uma decepção. Prometeram tudo…. P – Mas o que prometem agora? AC – Não prometeram nada, eu estou aguardando. A janela vai abrir, vamos ver. Qual deputado que não vai ver uma proposta? O fundo partidário é para isso. Por menor que seja o partido, ele vai ter fundo partidário. P – Partidos grandes vão ter menos dinheiro para deputado, certo? AC – É isso, é a realidade da vida. P – Mas o que a gente quer saber é quanto os partidos vão distribuir do fundo. AC – Eu não sei, cada um diz uma coisa. Quando você chega lá, é outra coisa. P – Mas está igual a futebol, oferecendo luva, bicho… AC – Isso, mas quando você chega lá, é tudo diferente, não é nada daquilo. P – Isso está contando muito, então? AC – Não resta dúvida. P – Mas o senhor foi convidado para ir para outro partido… AC – Minha amiga, proposta e cantada é uma atrás da outra. É igual mulher. Todos têm proposta. Todos. P – O que o sr. está esperando? AC – Preciso ver como vai ficar o país. Ninguém sabe. Se Lula é candidato. Não vou me precipitar, fazer a mesma loucura que já fiz antes. P – O sr. está esperando para ver qual estrutura vão oferecer? AC – Todos vão ter alguma estrutura, o maior e o menor. Minha amiga, vamos aguardar o mês de março. Tem muita gente saindo. Você vai ver um pula-pula. Mas você acha que alguém que recebe proposta vai te dizer? Tu achas que alguém vai dizer? P – Por que não diria? Tem algo de ilegal? AC – Se você faz uma matéria dizendo que um partido vai dar tanto pra um deputado, os eleitores caem em cima… P – Queria saber o que os partidos estão oferecendo. O que o seu partido está oferecendo? AC – O meu? O meu partido está de braços abertos para mim. P – Mas em cifras, o que significa esse braço aberto? AC – Hahaha. Ela está me perguntando em cifras! Hahaha. Você é simpática. Não adianta, não vou me precipitar. Vou analisar. A eleição da gente é muito complexa. Não é fácil. Está todo mundo sem saber como é que faz. Se de repente eu perceber que não vou me reeleger, pego minhas coisas e vou pra casa.