GUSTAVO URIBE
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Michel Temer se reuniu no final da tarde deste sábado (24) com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
No encontro, além de discutirem a pauta econômica e remanejamentos orçamentários, trataram da sucessão presidencial deste ano, sobretudo uma eventual candidatura do MDB.
Nesta semana, o ministro disse que tomará uma decisão sobre sua candidatura ao Palácio do Planalto até abril e que sua etapa à frente da pasta está concluída.
Nos bastidores, ele tem negociado uma filiação ao MDB, mas a possibilidade de uma candidatura à reeleição do presidente tem atrapalhado os planos eleitorais de Meirelles.
O ministro decidiu fazer uma jogada arriscada e comunicar ao presidente que deseja ser o candidato do MDB ao Palácio do Planalto.
O cálculo político é forçar o posicionamento de Temer até o início de abril, quando Meirelles precisa sair do cargo caso queira concorrer. 
Assim, o ministro transfere ao presidente a responsabilidade por vetá-lo ou não para a disputa de outubro.
Apesar de dizer publicamente que não é candidato, o presidente passou a considerar essa hipótese.
Ele deu a ordem, contudo, para que seus auxiliares mais entusiasmados esperem possíveis resultados da intervenção federal no Rio de Janeiro que possam ter reflexos eleitorais. A estratégia esboçada pela equipe de marketing é transformar o presidente em um candidato linha-dura, aproximando-o do campo da direita e assumindo a bandeira da segurança pública.
Segundo pesquisa promovida pelo MDB, o tema é um dos que mais preocupa a população brasileira para a sucessão do Palácio do Planalto neste ano.
Para reforçar o endurecimento na imagem de Temer, a ideia é que ele aumente aparições públicas ao lado de soldados e generais e faça mais viagens a locais que enfrentam problemas de insegurança, como Rio de Janeiro e Ceará.
Ele também deve mudar a linha do discurso. A proposta é que ele simplifique a linguagem, para que seja acessível às camadas menos instruídas, e adote expressões mais enérgicas, como “Chega” e “Basta”. 
As duas foram usadas, por exemplo, na assinatura do decreto de intervenção do Rio de Janeiro.Para ser candidato, no entanto, o presidente sabe que precisa se viabilizar eleitoralmente até maio, prazo que estabeleceu para definir se tentará a reeleição.
A meta do chamado “Plano Temer”, estruturado pela equipe de marketing do emedebista, é elevar os índices de aprovação para 15% e reduzir os percentuais de rejeição para 60%.
Segundo a última pesquisa Datafolha, hoje 6% consideram o governo ótimo ou bom e 70% o avaliam como ruim ou péssimo.