Há poucos dias, uma amiga compartilhou um texto que falava sobre coisas que devemos evitar na educação dos filhos, se quisermos fazer deles verdadeiros adultos. Entre os pontos citados, estavam algumas coisas interessantes, como incentivar que eles assumam suas responsabilidades. Até aí, concordo muito, claro.

A autora cita, por exemplo, que não devemos acordar os filhos pela manhã. Tudo bem que, a partir de uma idade, as crianças devem ter a responsabilidade de acordar sozinhas. Mas este ponto me remeteu a uma das memórias mais cheias de carinho que tenho da minha infância e adolescência.

Minha mãe criou cinco filhos e sempre os acordou fazendo festa todos os dias, cedinho. Muitas pessoas acordam mau humoradas, mas lá em casa isso era impossível. Eu, por exemplo, nunca precisei de despertador e sempre acordei sozinha, mas mesmo assim esperava deitada até ela entrar no quarto inventando músicas animadas, engraçadas e divertidas pra lembrar a todos que estava na hora de irmos pra escola.

Até hoje, acordo sempre animada e de bom humor. As poucas vezes que acordei usando um despertador, porque tinha algum compromisso muito cedo (quando eu digo muito cedo, é MUITO CEDO!) ou algo assim, foram traumáticas. O coração acelera, fico tateando à procura do celular para desligar o alarme, passo alguns minutos assustada até voltar ao ritmo normal.

Procurei manter o estilão da minha mãe na forma animada de acordar minha filha mais velha, quando ela era criança. Claro que esse jeito de ser não é uma fórmula e, por isso, não funciona da mesma maneira pra todos. Hoje com quase 24 anos, ela não é tão bem-humorada ao acordar, mas eu acho que consegui fazer com que este momento fosse, se não agradável e divertido, pelo menos tranquilo nos dias de rotina escolar. Se o texto dizia que, ao acordar os filhos pela manhã, fazemos com que eles não se tornem adultos, posso dizer que me orgulho da adulta que ela se tornou.

A pequena, que tem somente 3 e meio, às vezes acorda animada, pulando na cama e cantando bem alto. Em outras manhãs, acorda de preguicinha e vem descalça me procurar pela casa. Ainda não precisa cumprir horários pela manhã, mas eu espero que esse seja um processo bem gradativo e sem imposição de regras – e se eu puder manter com ela a tradição inventada por minha mãe e repetida por mim com a primeira, vou ficar bem feliz…

Se quiser acompanhar o texto que citei (e que, no geral, é bem interessante, apesar dos pontos de que discordei), aqui está: https://awebic.com/humanidade/coisas-filho-adulto/