No decorrer da gravidez, muitas mães, além de ficarem atentas aos cuidados com o filho, preocupam-se com sua saúde física. As que são esportistas têm medo de perder o condicionamento, já as mais sedentárias receiam ficar com o corpo muito diferente após o nascimento do bebê. Para explicar um pouco sobre essa vivência, entrevistamos profissionais da Companhia Athletica Curitiba: o personal trainer Daniel Iatski e a triatleta Luca Glaser.

Luca, que participa de provas de triathlon desde os nove anos de idade, teve uma mudança brusca em sua rotina de treinos pesados. A atleta descobriu que esperava a pequena Maya quando estava prestes a participar do Ironman World Championship, uma das maiores e mais importantes competições de triathlon do mundo, que ocorreu em outubro de 2017, em Kona, no Havaí. A partir daí, Luca Glaser, que tem um blog em seu nome, deu uma pausa nas postagens sobre competições e passou a dividir suas experiências na coluna Mommy To Be. Assumi a maternidade e virei mamãe fitness!, diz, em meio a risadas.

Recomendações
Ela conta que, quando soube da gravidez, também descobriu no consultório médico que poderia continuar a treinar, porém, com certos cuidados extras. Mesmo com a liberação da ginecologista, Luca fez uma escolha: no Mundial, eu já estaria com 12 semanas. Se eu não soubesse da gravidez, eu participaria, mas com a notícia da chegada da neném, achei loucura fazer uma prova que exige até mesmo de quem compete normalmente, imagine com um bebê na barriga! Foi a melhor decisão que tomei., relata.

No entanto, a atleta, que está na 30ª semana da gestação, conta que não deixou de praticar exercícios. Estou fazendo bastante spinning, musculação, natação e estou adorando as aulas de yoga! Eu só parei com a corrida, porque achei desnecessário continuar [correndo] depois que a barriga cresceu um pouquinho.

O personal trainer Daniel Iatski, que já elaborou o treino de dezenas de grávidas, conta que a cada ano que passa é mais comum ver gestantes praticando atividade física nos parques e também nas academias. Há muito tempo foi quebrado o tabu de que o mais indicado é o repouso. A manutenção da vida ativa faz uma gestação e um bebê mais saudáveis, afirma.

De acordo com Iatski, o yoga, praticado por Luca Glaser, é uma ótima atividade para as mamães, pois aumenta a flexibilidade, a consciência corporal, o domínio respiratório e auxilia no controle emocional com a meditação.

Riscos
O corpo da mãe sofre uma série de mudanças ao longo da gestação. Daniel explica que até a maneira de caminhar é alterada, resultado de uma compensação postural para reequilibrar o centro de gravidade do corpo, que agora tem o abdômen projetado para frente. O aumento da massa corporal e toda essa mudança na postura resulta em uma maior sobrecarga nos joelhos. Trabalhar o aumento da massa muscular em membros inferiores e a flexibilidade minimiza grande parte dos riscos de lesão. Assim como evitar atividades de muito impacto ou caminhadas de longa duração, esclarece.

Segundo o personal trainer, caso a gestante tenha um descolamento ou rompimento precoce de placenta ou aumento excessivo da pressão arterial, é recomendada a suspensão das atividades, pois o exercício pode agravar o quadro, podendo prejudicar o bebê e a mãe. Por isso fazer um acompanhamento médico regular é essencial.

Sedentarismo
Conforme esclarece Daniel, uma gestante que já era sedentária antes da gravidez pode iniciar os exercícios físicos a qualquer momento, porém, é essencial que ela tenha uma orientação de um profissional de educação física, para que a prescrição seja feita sem excessos. A intensidade dos exercícios, que para uma mulher já ativa irá diminuir ao longo da gestação, para a sedentária será baixa ao longo do processo todo.

Depois do parto
O que determina o tempo que a mulher deve ficar sem a prática de exercícios físicos é o tipo de parto realizado. Após um parto normal, em 15 dias a mulher já pode retornar às atividades, utilizando cargas mais leves. Depois de 30 dias, ela poderá fazer normalmente seus exercícios de costume. Se for um parto cesárea, o retorno é um pouco mais lento e atividades leves só poderão ser realizadas a partir de 30 a 45 dias após a cirurgia, relata Daniel Iatski.

Apesar de saber que a recuperação do parto natural – o qual pretende fazer – é muito mais rápida, Luca Glaser acredita que não voltará aos treinos antes de completar 60 dias do nascimento da filha.