As previsões sobre o futuro do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do atual mandatário Michel Temer (MDB) já foram lançadas e não parecem nada boas. O cenário é tenebroso para ambos – embora o do petista esteja mais iminente. Tudo leva a crer que Lula deva passar o feriado de Páscoa preso. E Temer terá pela frente, nos próximos meses, um período desgastante com os desdobramentos do inquérito que o investiga.
Tratemos primeiro do ex-presidente. Respondendo a quase uma dezena de processos, Lula foi condenado à prisão em segunda instância por mais de 12 anos em regime fechado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na ação sobre o Triplex do Guarajuá. Ele deve começar a cumprir a pena nas próximas semanas. Isso, claro, se não nos depararmos com nenhuma aberração jurídica. O PT, obviamente, vai berrar. Irão dizer que é um engenhoso plano que tem como alvo o ex-presidente Lula, para evitar que ele participe do processo eleitoral em outubro.
A primeira voz que se levantou neste sentido foi da presidente nacional do partido, senadora Gleisi Hoffmann, do Paraná. Ela afirmou que a militância não irá aceitar a prisão de Lula, embora jure que isso não quer dizer uma incitação ao Estado Democrático de Direito. Gleisi deveria sim estar mais preocupada com o futuro dela do que de Lula – já que a senadora está na bica de ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) também por corrupção no esquema do Petrolão desvendado pela Polícia Federal no âmbito da operação Lava Jato. Apesar do grito, a tendência é que Lula seja preso no início do mês de abril depois de transitada e julgada a sentença de segundo grau.
Importante frisar que Lula teve seus méritos quando governou o Brasil e direcionou o olhar para os mais necessitados. Implantou políticas sociais importantes, embora tenha trilhado o sucesso da política econômica do governo do antecessor, o tucano Fernando Henrique Cardoso (FHC), com o advento do Plano Real. Mas o petista teve seus méritos e a história lhe dará o devido crédito.
Temer, por sua vez, pode ter o mesmo destino. É muito cedo para traçar um prognóstico, mas um experiente Delegado da Polícia Federal alerta: dificilmente Temer sobrevive a um RIF e a quebra de sigilos bancário e fiscal. O termo é técnico: relatório de inteligência financeira, ou simplesmente RIF, é um documento que traz um completo raio-X das transações financeiras. E os sigilos já foram afastados por determinação do STF.
Temer terá toda a vida financeira exposta e revirada pela PF e pela mídia – já que o presidente prometeu divulgar seus extratos. Duvido, porém, que o faça. A promessa deve ser quebrada para evitar desgaste na imprensa.
Temer, no entanto, não é o único alvo. Um de seus principais assessores, o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures, do MDB do Paraná, também teve os sigilos quebrados. Rocha Loures é muito próximo a Temer e ficou marcado depois de ser flagrado com uma mala recheada com R$ 500 mil – recursos que, segundo investigação da PF, poderia chegar a Temer.
Amigo de longa data do presidente, o coronel João Baptista Lima também foi alvo da decisão da Suprema Corte e teve os sigilos afastados para investigação. Os federais acreditam que chegando a Rocha Loures e Baptista Lima chegarão a Temer também. Os três são alvos do inquérito que apura irregularidades na edição da MP (Medida Provisória) dos Portos.
E aí o destino de Lula e Temer podem se cruzar, mas desta vez não será no Palácio do Planalto. Será em uma unidade prisional.

* Esta coluna é publicada todas as quartas-feiras