Não me sinto à vontade para falar de moda hoje. O assunto urgente não é o que vamos vestir para sair e viver. É bem mais sério que isso. Se não temos liberdade de ir e vir para viver por que nos vestiremos? Para nada! Para ir ao encontro do caos, do fim, da morte. Assassinaram Marielle Franco, vereadora pelo PSOL do Rio de Janeiro, na noite de quarta-feira (14), quando ela saía de um evento com mulheres negras. Na emboscada, morreu também o motorista do carro e sua assessora ficou ferida.

Eu leio de longe todas essas notícias. Truculência policial. Apurar os culpados. Não podemos acusar ninguém até que as investigações avancem e só penso: uma mulher negra ativista que lutava pela PAZ nas favelas levou quatro balas na cabeça. Estouraram ela! Eliminaram alguém que tinha a coragem de enfrentar e denunciar um dos maiores problemas que existe no Brasil: a violência contra as mulheres negras, suas necessidades e a violência generalizada. Mulheres, jovens. Injustiças. Barbáries. Não vou entrar em detalhes, pois essa não é a minha seara, mas sou mulher, brasileira, humana.

Nesse meio tempo, enquanto posto no meu Instagram – reproduzo a frase de Marielle publicada em seu Twitter, no dia 13 de março, a qual ela denuncia a morte de um jovem que saía da igreja e pergunta quantos mais deveriam morrer para que a guerra acabe – recebo uma mensagem: é a mãe de Isabelly Cristine, uma jovem Youtuber assassinada em fevereiro também com um tiro na cabeça. Fico muda por instantes e vou atrás da história…. Uma linda menina, quase criança, morta por uma bala disparada por um cara nervoso no trânsito no litoral do Paraná. A liberdade de ir e vir. A esperança morta dentro de um carro. De novo, ele, o carro. É como um jogo macabro de cartas e de azar. A violência vai se desenrolando assim. Histórias de um Brasil sem rumo onde a moda não tem lugar na pauta, pois, hoje, o que vamos vestir é o que menos importa.

O que conta para mim é colocar meu nome na lista dos que lutam por um Brasil e um mundo melhor. Eu digo não ao fútil e te chamo para se engajar comigo nessa luta que não tem hora para acabar porque, enquanto vivermos, não podemos nos calar. Por Marielle, por Isa e por tantas outras e outros inocentes, que nem sequer aparecem nas notícias mais importantes do dia.

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