EDUARDO SODRÉ
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Toyota quer ser a primeira montadora a produzir um veículo capaz de rodar com gasolina, álcool ou eletricidade. O plano inclui produção nacional e foi anunciado nesta segunda (19), em São Paulo.
A empresa apresentou O Prius Hybrid Flex, que ainda é um protótipo. O carro iniciou uma viagem de 1.500 quilômetros até Brasília, em que será abastecido sempre com etanol.
O desenvolvimento está sendo feito por engenheiros brasileiros, que já conhecem o sistema bicombustível dos carros nacionais. O casamento com o motor elétrico ocorre da mesma forma que no Prius convencional, a gasolina.
“Todo dia alteramos o programa de controle do carro para melhorar a dirigibilidade com etanol, que não pode ser muito diferente do uso com gasolina”, diz Edson Orikassa, engenheiro da Toyota e presidente da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva).
O protótipo é capaz de rodar consumindo apenas eletricidade no trânsito urbano. As baterias são recarregadas durante desacelerações ou por meio do motor a combustão, mais usado na estrada e nos momentos em que é preciso mais potência.
A montadora não divulgou números preliminares de consumo com álcool. De acordo com dados do Teste Folha-Mauá, o modelo japonês percorre 22,8 quilômetros com um litro de gasolina na cidade.
Durante a apresentação do Prius flex, o CEO da Toyota na América latina, Steve St. Angelo, afirmou que “sonha com a produção de um carro híbrido no Brasil”. Contudo, o escolhido deverá ser um modelo com maior potencial no mercado interno: o Corolla.
Atual líder de vendas em seu segmento, o sedã médio produzido em Indaiatuba (a 104 quilômetros de São Paulo) deverá ganhar uma nova geração no país em 2020, quando terá a mesma plataforma do Prius atual.
O período até o lançamento do novo Corolla coincide com o calendário de desenvolvimento do híbrido flex.
Após a viagem de São Paulo a Brasília, o carro passará por análise técnica e será enviado para o Japão, onde a Toyota dará sequência a seu desenvolvimento. A versão que será produzida deve ser apresentada no fim de 2019.
Para Antonio Megale, presidente da Anfavea (associação que representa as montadoras instaladas no Brasil), o desenvolvimento da tecnologia híbrido flex permitirá que o país passe por uma adequação global de seus produtos, ampliando as exportações.
Apesar de o número de veículos enviados ao exterior ter crescido 46,5% em 2017 e ajudado montadoras a superar a crise -28% da produção foi enviada ao exterior-, as limitações dos automóveis nacionais e o não aproveitamento da tecnologia flex em outros países fazem com que o alcance se restrinja a mercados latino-americanos.