RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A desembargadora Marília de Castro Neves, do Tribunal de Justiça do Rio, disse ter se precipitado ao fazer comentários em redes sociais que associavam a vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada na última quarta-feira (14), ao tráfico de drogas. “No afã de defender as instituições policiais, a meu ver injustamente atacadas, repassei de forma precipitada notícias que circulavam nas redes sociais”, disse, por meio de nota. O comentário da magistrada, publicado na postagem de um advogado, dizia que Marielle estava “engajada com bandidos” e que havia sido eleita pela facção criminosa Comando Vermelho.

A declaração gerou reação de familiares da vereadora e uma representação do PSOL ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Na primeira manifestação sobre o assunto, à Folha na última sexta-feira (16), a magistrada disse que não conhecia Marielle, mas havia coletado a informação no texto de uma amiga. Nesta segunda (18), ela mudou de posição. “A conduta mais ponderada seria a de esperar o término das investigações para então, ainda na condição de cidadã, opinar ou não sobre o tema”, disse, acrescentando esperar que o crime seja resolvido o mais rápido possível. A desembargadora afirmou que se manifestou como cidadã e não como magistrada.

Em entrevista ao jornal ‘O Dia’, ela havia dito que não se arrependia de ter feito os comentários. “Por que eu deveria me arrepender de ter feito um comentário? É só um comentário reproduzindo um outro. Eu não estou me sentido culpada por nada. Eu não criei o comentário. Se é boato, se alguém criou, o autor da criação que pode estar ou não arrependido.” No domingo (18), o site oficial da vereadora abriu uma seção para negar notícias falsas que circulam em redes sociais. A página diz, por exemplo, que Marielle nunca teve relacionamento com o traficante Marcinho VP e que recebeu votos em todas as regiões do Rio –só 7% foram na Maré, complexo de favelas onde ela nasceu e foi criada.