ISABELLA MENON
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A 33ª edição da Bienal de São Paulo anunciou, nesta terça (20), os 12 artistas convocados para esta que é uma das mostras de arte mais importantes do mundo. O evento vai do dia 7/9 até 9/12. 
Sob curadoria de Gabriel Pérez-Barreiro, a exposição não terá tema definido e leva o título de “Afinidades Afetivas”, deriva de Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) e Mário Pedrosa (1900-1981).
O escritor alemão escreveu uma obra com este nome na qual um casal recebe dois visitantes que despertam atração sexual e amor proibido. Já o escritor e jornalista brasileiro tratou da “natureza afetiva da forma na obra de arte”.
Dos 12 artistas, três ganharão homenagens póstumas, um expõe trabalho já apresentado e oito vão produzir obras para a Bienal paulista. Todos nasceram entre 1960 e 1980, sendo nove brasileiros. O restante vem da Argentina, da Guatemala e do Paraguai. 
Os homenageados serão a brasileira radicada em Londres Lúcia Nogueira (1950-98), o paraguaio Feliciano Centurión (1962-96) e o guatemalteco Aníbal López (1964-2014).
Os três latino-americanos começaram a ser expostos nos anos 1990, mas não foram tão divulgados à época. 
Apesar de Lúcia Nogueira ter desempenhado um importante papel na arte britânica, ela só teve uma primeira exposição individual em 2011.
Para o curador, o trio teve outros dois obstáculos para alcançar o público. Vem de uma região com pouca estrutura para exposição e despontou nos anos 1990, uma geração “não muito explorada, cujos artistas correm o risco de caírem no esquecimento”.
“Eles representam a liberdade de expressão, por serem a primeira geração pós-ditadura que era livre para produzir sem a opressão dos regimes totalitários”, diz.
Entre os temas que eles destacam estão a sexualidade, a política e o expoente feminino. 
Feliciano dialoga com o universo queer em suas obras. Segundo Pérez-Barreiro, o artista aborda questões “muito importantes que voltaram a ser pauta nos últimos meses”. 
O curador nega ter escolhido o artista como forma de reflexão sobre a mostra “Queermuseu” em Porto Alegre, cancelada em 2017 após protestos contra o teor das obras. “Os artistas já estavam escolhidos antes dessas polêmicas.” 
ABORDAGENS
Outro artista que traz um tema definido é o goiano Siron Franco, que terá obras da série “Césio/Rua 57” que dialogam sobre o acidente radioativo de 1987, em Goiânia, com o elemento Césio 137. 
O curador acredita que debates sobre catástrofes ambientais como a da barragem de Mariana, Minas Gerais, em 2015, são necessários e permanecem atuais. 
Os outros oito artistas escolhidos têm em comum o fato de não se encaixarem em uma estrutura temática, conforme o objetivo da mostra. 
Entre eles está o Alejandro Corujeira, que terá esculturas e pinturas que “captam o movimento da natureza” e a artista Denise Milan cria esculturas com grandes pedras e cristais. 
O cotidiano circunda os trabalhos de Maria Laet que exibirá um vídeo e Vânia Mignone a partir de  pinturas. Nelson Felix conceberá uma instalação que traz reflexões planetárias.
Bruno Moreschi e Luiza Crosman fugirão das tradicionais obras de arte e não terão trabalhos físicos expostos, mas projetos, por exemplo, a partir de redes sociais. 
Tamar Guimarães unirá uma abordagem crítica sobre preocupações poéticas e narrativas por meio de um vídeo. 
O anúncio realizado nesta terça (20) engloba apenas os artistas selecionados pelo curador-geral Pérez-Barreiro.
Outra novidade desta edição é a presença de sete artistas-curadores, entre eles Waltercio Caldas e Sofia Borges, que são responsáveis pela nomeação de outros artistas -que ainda não se sabe o número exato- para o evento. Esta seleção só será divulgada em abril.