O Ministério Público do Paraná abriu investigação para apurar um possível golpe sofrido por imigrantes haitianos e nigerianos em Curitiba. O promotor Maximiliano Deliberador, da promotoria de Defesa do Consumidor, relata que diversos imigrantes que compraram passagens em uma agência de turismo para trazer familiares ao Brasil nunca receberam os bilhetes e nem foram reembolsados.

A agência intermediária CWB Travel é suspeita de estelionato. As transações não foram feitas por meio de contratos e os estrangeiros recebiam apenas recibos comuns como comprovantes das transações. Alguns deles têm gravações de diálogos com os responsáveis pela agência. 

De acordo com a advogada Ivete Caribé, da Casa Latino Americana, haitianos que trabalharam por até dois anos para juntar o dinheiro foram lesados. O calote teria acontecido no final do ano passado. Familiares de alguns dos haitianos não conseguem sair até hoje da República Dominicana.

“Parentes de haitianos que estão no Brasil que aguardavam essa passagem. Como os haitianos não falam português, eles (da agência) emitiam uma reserva e diziam que era o bilhete. Os familiares quando iam embarcar souberam que não existia o bilhete. Tem pessoas que ainda não conseguem voltar para o Haiti porque não têm condições”, afirma. 

Às vítimas, o dono da agência teria dito que a empresa faliu e que não poderia devolver o dinheiro naquele momento. A advogada dos refugiados, no entanto, relata que os donos da empresa desapareceram.

No início do ano, depois da denúncia, a reportagem conversou com um dos responsáveis pela agência CWB Travel, que ficava na Rua Mariano Torres. Pedro de Camargo disse que teve problemas para ressarcir cinco ou seis haitianos, mas que estava em contato com eles, e que não deve a nenhum africano. Agora, o telefone do empresário está desligado e a reportagem não consegue mais contato.

Em janeiro, ele criticou a abordagem da imprensa e a postura do grupo que fez a denúncia e disse que a agência foi fechada em um recesso normal de 15 dias da empresa no fim de ano. A loja, porém, continua fechada. Pedro de Camargo, que assina recibos na agência, disse em dezembro que a empresa pertence ao filho.

Ele não quis que fossem levados ao ar trechos da conversa gravada que teve com a reportagem na época. O empresário afirmou que o advogado da empresa enviaria posicionamento oficial, que não foi enviado até hoje (23).

O inquérito civil foi aberto no dia 9 de março e, no mesmo dia, o Ministério Público encaminhou um ofício às delegacias do Consumidor e de Estelionato solicitando os inquéritos já instaurados nas delegacias e um relatório das investigações que já foram feitas.