DIOGO BERCITO
MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) – Um homem armado deixou três mortos na França nesta sexta-feira (23) ao sequestrar um carro, atirar contra policiais e tomar reféns em um supermercado. Ele foi morto pelas forças de segurança.
A ação foi descrita pelo presidente francês, Emmanuel Macron, como “um ato de terrorismo islâmico”. O ataque ocorreu na cidade de Trèbes, no sul do país, e 16 pessoas também foram feridas.
Segundo a imprensa local, o responsável pela ação declarou pertencer à organização terrorista Estado Islâmico, responsável pelos ataques que deixaram 130 mortos em Paris em 2015. A facção assumiu a autoria do atentado, sem apresentar provas.
O homem armado exigiu a libertação de Salah Abdeslam, um dos responsáveis pelos atentados de 2015. Ele foi identificado como Redouane Lakdim, 26, de origem marroquina, com histórico de posse de drogas. Não havia suspeitas de que ele tivesse se radicalizado, diz a polícia.
Os investigadores acreditam, por enquanto, que ele tenha agido sozinho. Uma pessoa próxima dele foi detida para interrogatório.
A ação começou quando Lakdim matou uma pessoa com um tiro na cabeça em Carcassonne, ao roubar um carro. Essa cidade histórica, onde morava o atirador, é uma das principais atrações turísticas do país. Em seguida, ele disparou contra quatro policiais que se exercitavam nos arredores.
Às 11h15 locais (às 7h15 em Brasília), Lakdim tomou reféns em um supermercado em Trèbes, onde matou duas pessoas a tiros. Testemunhas disseram tê-lo ouvido gritar a frase “Allahu akbar” (Deus é maior, em árabe). Ele também disse estar disposto a morrer pela Síria.
Havia cerca de dez pessoas no local, e algumas delas se refugiaram dentro de uma sala de refrigeração, segundo a imprensa francesa.
Os arredores foram interditados e dezenas de membros das forças de segurança foram deslocados até ali, incluindo equipes médicas. O ministro do Interior, Gerard Collomb, foi até a cidade. Toda a operação durou pouco mais de três horas.
Em um gesto descrito como heroico pelo governo, um coronel de 45 anos se ofereceu em troca de um dos reféns. Ele deixou o celular em cima de uma mesa para que os policiais do lado de fora pudessem ouvir o que estava acontecendo.
Quando os policiais ouviram um disparo, entraram e dispararam contra Lakdim. O coronel foi gravemente ferido e está hospitalizado.
Se for confirmado o caráter terrorista do ataque, será o primeiro na França desde que Macron suspendeu em outubro o estado de emergência declarado em 2015 por seu antecessor, François Hollande. Também o primeiro atentado desde que Macron endureceu as leis antiterror.
“Convido todos e cada um de nossos cidadãos a ser conscientes da gravidade da ameaça terrorista, mas também a ter ciência da força e da resistência que nosso povo demonstrou a cada vez em que foi atacado”, disse o presidente em uma rede social.