SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Faz todo o sentido do mundo. Antes de iniciar “I Can Change”, uma introdução com um pequeno trecho de “Radioactivity”, faixa essencial do Kraftwerk lançada em 1975. 
Pouco antes, a apresentação começava com “Daft Punk Is Playing at My House”, homenagem explícita à dupla francesa que ajudou a renovar a dance music nos anos 1990. O LCD Soundsystem é uma banda que olha o passado para alcançar o futuro. James Murphy, o vocalista e cabeça do grupo norte-americano, é um nerd que tem a música como obsessão.
Parece conhecer tudo. No palco, não lembra em nada um rockstar, mas, sim, um nerd obcecado por música que tem a manha de compor faixas que obrigam até um sujeito desengonçado como ele a dançar. Se o rock e a dance music hoje andam de mãos dadas, é muito culpa de James Murphy, que há uns 15 anos vem embaralhando gêneros como pós-punk, rock, house, electro, funk. 
Neste Lollapalooza São Paulo, faixas como “You Wanted a Hit” e “Tribulations” aparecem vigorosas, e a energia que emanam esconde uma complexidade rítmica que não se vê por aí (pelo menos não na música mais popular).O show ganha um clima intimista com a linda “Someone Great”, mas isso vira em seguida com a crua “Yr City’s a Sucker”, e muda de novo com a disco “Tonite”, que nem chega a acabar e já é emendada em “Home”.
Quase um hino, “Dance Yrself Clean” é uma música com uma letra enorme, parece composição de banda experimental, mas tem um apelo pop irresistível. Assim que termina  “Dance Yrself Clean”, olho no relógio.
Faltam 12 minutos para o horário de encerramento. São 20h53. O LCD Soundsystem fazia um show histórico no Lollapalooza São Paulo. E ainda faltava “All My Friends”, a melhor música da banda.