Na exposição “Gravura Contempotânea – Diálogos” também estão presentes alguns artistas paranaenses ou aqui radicados como Fernando Calderari, Uiara Bartira, Elvo Benito Damo, Juliane Fuganti, Dulce Osinski, Ana Gonzalez, Gilda Belczak, Larissa Franco e Luiz Henrique Schwanke.

A sua gravura linear, explícita e com um toque de irreverência, como é característica de toda a obra de Schwanke, pôde ser agora apresentada graças à diligência de Uiara Bartira, que recuperou a matriz, fez imprimir a cópia e a doou para o acervo.
A limpeza e a absoluta clareza gráfica da obra de Fernando Calderari foi executada na árdua técnica do buril. Não admira que ele tenha sido premiado na primeira edição da “Mostra Anual da Gravura Cidade de Curitiba” e que sua gravura mantenha qualificativos estético-artísticos que desafiam o tempo, a tornando tão atual quanto o era quando foi elaborada em 1978.

Elvo Benito Damo, que trabalhou bastante com gravura antes de se dedicar ao  tridimensional, apresenta uma xilogravura em que o geométrico, o linear e algumas escarificações remetem ao infinito astronômico, numa obra abstrata bordeja territórios do desenho gráfico.

Já escrevi muito sobre Juliane Fuganti, uma artista que trabalha intensamente em arte. Sua gravura em metal é sempre elaborada rapidamente e de modo decidido, sem hesitações. Nesta obra, aparentemente simples na concepção, porém manipulada com extrema precisão e dosagem em seus elementos, Juliane joga com o fundo e o primeiro plano, integrando-os através do vermelho, dos tons mais escuros e das luzes que clareiam partes da obra. É um trabalho em que a profundidade é estudada e questionada pela gravadora.

Em várias cores, a gravura vigorosa e pictórica de Dulce Osinski, intitulada “E os Anjos dizem Amém”, de 1988, faz uso de três técnicas distintas de metal em sua execução: água forte, água tinta e ponta seca. Não é fácil trabalhar desta maneira, muito mais quando se trata de imagens cujos limites não são lineares, sendo cobrados da artista o total controle e o domínio preciso dos processos empregados.  
Nascida em Santa Cruz do Tenerife, nas Ilhas Canárias, Espanha, Ana Gonzalez adotou e foi adotada por Curitiba. O universo revolto, enérgico – quase uma explosão gráfica articulada e primordial – em que o gestual é contido no formato circular, diz muito através da técnica. A xilogravura utiliza o cavar, o retirar da matéria, a ausência e a obra de Ana Gonzalez intitulada “Um”, de 1992, diz respeito a uma homenagem póstuma que a artista prestou quando do falecimento de Lívio Abramo.

Larissa Franco apresenta na exposição uma gravura em metal, cujo título é “A Tarde”. A dosagem de elementos divididos em arabescos, linhas curvas, formas sinuosas que se desenvolvem no suporte, evidenciam uma arte sensual, feminina, misteriosa, de aspecto e origem orientais. Contudo, a gravadora curitibana se direciona no sentido de filtrar os elementos tradicionais do Islã, deles captando porções específicas cujos formatos e significados lhes sejam apropriados, reagrupando-os de acordo com a plasticidade e formatos desejados. Assim, é feita uma releitura da arte milenar do Oriente, trazendo-a para a contemporaneidade.

A gravura da curitibana Gilda Belczak, que nasceu em 09 de outubro de 1944 e faleceu muito jovem, em 30 de junho de 1969, é desse mesmo ano. Talento incomum para a gravura e apaixonada pelo teatro de fantoches, para o qual fabricou uma série de bonecos com uma linguagem muito criativa, Gilda legou suas obras gráficas para o Acervo do Museu da Gravura Cidade de Curitiba.

Sua gravura em metal é resultado de uma mescla de técnicas – água forte, água tinta e ponta seca, utilizadas em diferentes fases – um estudo de gravura que a artista vinha elaborando quando faleceu. De origem nitidamente figurativa, a impressão agora exposta é parte desta série que dilui as formas até sua quase completa atomização, pouco restando das figuras, mas perpetuando uma excelente gravura abstrata contemporânea.

No Museu da Gravura Cidade de Curitiba, Solar do Barão  (Rua Pres. Carlos Cavalcanti, 533 – fone 41 3321-3269).