Minhas filhas viajaram na manhã de ontem para encontrar a avó, os tios e primos. Uma tradição das férias que se repete desde o primeiro ano de vida da mais velha. Nos últimos 4 anos, embarcam sozinhas. Penso que parte da graça da programação está no trajeto de 3 horas que separa São Paulo e Recife que, embora mediado pelo serviço de menores desacompanhados da companhia aérea, dá à viagem todo um ar de independência ou morte.
Eu classificaria a experiência – do meu lugar de mãe – como absolutamente tranquila. A distância é curta, elas se viram bem longe da supervisão (que palavra, não?) de adultos. Mas esta é a minha versão pós mensagem de “Mãe, chegamos e já estamos com a vovó” falando. A versão anterior vive uma pequena angústia. Como se pequena e angústia pudessem conviver tranquilamente em uma mesma frase.

A verdade é que a versão anterior, posterior, atual se vêem diante da passagem do tempo sempre que as férias se aproximam. A cada ano, observo uma marca de crescimento sendo ultrapassada. A cada ano, é preciso decidir menos, palpitar menos, inclusive nas datas, nas buscas das passagens, nas malas, na programação. E claro, as marcas são comemoradas, valorizadas por aqui. Crescer é conquista. Mas crescer demanda também um retirar-se que tem seu custo, tem seus truques.
Ontem minha filha mais velha mandou uma segunda mensagem. Era 1h30 da manhã: “Mãe, esqueci o código da mala. E agora?”. Eu fiquei enternecida. Pensei o dia inteiro sobre códigos. Quais são os códigos para as novas situações que a maternidade nos apresenta. Quais são os truques para estar no papel de mãe de adolescentes? E de adultos? E para não ser, nem que seja por uma semana? Para não estar? Já sabemos a resposta, claro. Não há código ou truque. Há de ser mesmo não estando. Sempre.
Em tempo, achamos um sem número de vídeos para resolver a questão da mala. Resolvida está.

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