Franklin de Freitas

Difícil alguém que vá para o litoral do Paraná e não tenha ao menos vontade de comer frutos do mar. Não é para menos: há mais de 200 anos a pesca tem sido uma atividade de grande importância econômica e sociocultural para a região, sendo que hoje, segundo pesquisa da Universidade Federal do Paraná, existem mais de 5,7 mil pescadores distribuídos em 144 vilas por toda a região litorânea.
E é justamente na temporada de verão, quanto também aumenta consideravelmente o fluxo de turistas nas praias do Paraná, que esses profissionais, em sua maioria já nascidos em famílias de pescadores, aproveitam para lucrar um pouco mais. “Para o pescador, a temporada é boa porque qualquer peixe que a gente pegue acaba vendendo. Também conseguimos fazer um preço melhor, e aí ganha mais quem vende na banca”, comenta o pescador Guido Ramos.
De acordo com o Instituto Emater, anualmente são produzidas 9.282 toneladas de pescados no litoral paranaense, sendo 2.619 toneladas de peixes, 6.318 toneladas de crustáceos e 340 toneladas de moluscos. Toda essa produção ajuda a sustentar cerca de 23 mil pessoas nos municípios litorâneos, considerando-se que as famílias de pescadores são formadas, em média, por 4,3 indivíduos.
A renda média familiar situa-se entre um e dois salários mínimos nacionais por mês, sendo a variação decorrente do município, atividades desenvolvidas e renda de outras fontes. Ademais, por volta de 50% dos pescadores possuem, também, outras fontes de renda. Dos pescadores que possuem outras rendas, 20% é oriunda da aposentadoria, por volta de 50% é de atividades urbanas e somente 16% é de outras atividades relacionada com a pesca. Por volta de 40% dos pescadores possuem idade entre 20 e 40 anos e são na grande maioria alfabetizados, enquanto outros 40% possuem idade entre 40 e 60 anos.
Rotina puxada
Embora a rotina varie, nesta época do ano é a partir das 3 horas da manhã que saem os primeiros barcos camaroeiros para encarar a rotina de trabalho em alto-mar, enquanto os de pesca se lançam nas águas a partir das 4 horas.
Dependendo da pescaria, os pescadores (geralmente saem dois ou três em cada barco) podem ter de passar o dia no mar. “Depende do tipo de peixe.. As vezes tem de ir mais longe, aí chega a ter de passar o dia no mar… Sai 4 horas e só volta no dia seguinte. Não é para qualquer um”, afirma Guido.

Paraná tem o terceiro celeiro de reprodução de animais aquáticos…
O litoral paranaense possui 90 quilômetros de costa e, com a soma das baías de Guaqueçaba, Antonina, Paranaguá e Guaratuba, mais de 4000 km de costa interna. É considerado o terceiro celeiro de reprodução de animais aquáticos marinhos do mundo, com baixos níveis de poluição.
Sua costa marítima está sob influência da corrente das Malvinas, que traz, principalmente no inverno, cardumes volumosos. Este fato é em parte associado aos atributos da extensão linear de costa e, principalmente, a grande disponibilidade de ambientes estuarinos. 
A tecnologia de pesca utilizada restringe-se aos métodos tradicionais dos pescadores artesanais, com embarcações de pequeno porte, tanto na capacidade como em autonomia.

… E também uma das melhores ostras do mundo
Quem for curtir o verão nas praias do Paraná tem uma parada obrigatória na viagem. Descendo a serra em direção à Guaratuba e passando o ferry-boat, a estrada do Cabaraquara revela uma das preciosidades da gastronomia paranaense. Ali fica o Caminho das Ostras, uma rota que reúne cinco restaurantes especializados em ostras. E não é qualquer ostra que eles comercializam ali, mas sim uma das melhores ostras do mundo.
O ostentoso título foi dado por especialistas japoneses que viajaram pelo brasil e também avaliaram ostras produzidas em várias regiões do mundo. Segundo eles, a ostra nativa de Guaratuba, na parte sensorial, é uma das melhores do mundo. “Já provei ostras praticamente do mundo inteiro, mas seguramente posso dizer que as ostras de Guaratuba estão entre as 3 mais saborosas do mundo”, teria dito o historiador japonês Kikuo Yamamoto.
O que contribui para o título de melhores ostras do mundo são as características da região, com águas quentes e de estuário, que fornecem as condições ideais para o cultivo do fruto do mar, que tem grande valor nutricional.

Parceria com a Marinha garante segurança no mar
A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) vai trabalhar em parceria com a Marinha do Brasil para garantir mais segurança na navegação e no tráfego dos navios em todo o Litoral do Estado. Atuará também em conjunto com a Capitania dos Portos em estudos de dragagens e na adoção de um sistema de calado dinâmico, que pode melhorar o fluxo de cada manobra.
No ano passado, 2.322 navios atracaram nos Portos de Paranaguá e Antonina e nos terminais privados que operam no Litoral do Paraná. Para não comprometer a chegada de navios é preciso investir em manutenções periódicas e retirar a areia que vai se depositando no fundo do mar. Além disso, é necessário fazer dragagens que aumentam a profundidade em que o navio fica submerso na água – o chamado calado.
Com investimento de mais de R$ 400 milhões, do Governo Federal, o Canal da Galheta teve o calado ampliado de 15 para 16 metros. As áreas intermediárias passaram a ter 15 metros e a profundidade na baía de evolução chegou a 14 metros. Nos berços de atracação, o calado agora é de 13,8 metros.