Sempre ouvi dizer que o cão escolhe o dono. Lendo um pouco sobre estas questões caninas, o cachorro na verdade elege um líder. Às vezes, ele é o próprio líder… O que pode ser um desastre. É comum ouvir: o cachorro é meu, mas ele gosta mesmo é do meu pai, da minha mãe ou qualquer outra pessoa da casa. A prova desta escolha para mim veio de uma história extraordinária que soube recentemente. Um amigo foi literalmente escolhido para ser um líder. Assim, de repente. Andando pela rua.

Lá por altas horas, pelas bandas do Centro Cívico, o cachorro, olhou para ele e decidiu. Taí este cara deve ser bacana. Vou atrás. E assim, sem encontrar um ônibus nem um taxi, meu amigo resolveu encarar a pé os quase quatro quilômetros até a sua casa. E não é que o bicho foi persistente. Acompanhou, parou nos sinais, esperou para atravessar a rua. E cansou da caminhada depois de encarar a subida da XV. Só que na metade do caminho, alguém já tinha sido fisgado. Leitor das crônicas deste blog e também amigo de uma protetora de cães da cidade, por anos influenciado por histórias de amor entre bichos e humanos, decidiu não ficar alheio. 

Sensibilizado e sem alternativa diante do cansaço do novo amigo, uma carona no colo foi a solução para apressar a chegada ao destino. Logo depois, em sua nova casa, o bicho ganhou comida, um cantinho aconchegante e no dia seguinte uma consulta veterinária. Lá constatou-se que na verdade se tratava de uma fêmea, com cerca de sete meses. Filhotes são mesmo irresistíveis. Ganhou o nome de Beija. É, faz sentido. Cadela sedutora, lhe caiu bem o nome da marquesa mais exuberante da história do Brasil. Realmente, uma cachorra encantadora igual a esta vale a pena carregar no colo, levar para casa e assumir compromisso.