Igreja Nossa Senhora do Pilar, Outro Preto (MG). Em um dos mais antigos templos da arte barroca brasileira, me deparo com uma vira-lata enorme assustada. O segurança já avisa. Está assim por causa dos fogos. Estamos em plena Festa do 12. Comemoração de aniversário da Escola de Minas, que reúne, em outubro, formandos da instituição.

Apesar do aviso nos cartazes de proibido fotografar na Igreja, fui liberada para registrar imagens da cachorra mineirinha.

Branquinha é o nome dela. Está com coleira e placa de identificação. Pergunto se está prenha tamanha a pança. Ele rapidamente me diz: que nada! já foi até castrada. Resolvo saber mais desta história e descubro que a cadela tem 13 anos e foi adotada após a morte da primeira responsável. Senhora católica, frequentadora das missas. Foi dela que Branquinha adquiriu o hábito de ir à Igreja todos os dias, seu segundo lar. 

Um guia turístico se aproxima e me chama para conhecer o endereço oficial de Branquinha. Logo ali, bem pertim… A casa costuma ficar, durante o dia, com a porta entreaberta. “Para o bichim sair e entrar quando quiser”, conta o guia entusiasmado. A cama da Branquinha parece de gente. Tem até travesseiro.

A fama de Branquinha nas redondezas da cidade histórica não perde para nenhum santo das famosas igrejas ao estilo Barroco e Rococó. Segundo o guia, a Branquinha fez questão de acompanhar o enterro do padre. E todos os dias, ela circula tranquilamente pela rua sem saída onde fica a Igreja. Ali, descansa sempre no átrio, entre a porta principal e a segunda porta.

Sorte a dela, que nasceu por agora. Antigamente, teria que doar considerável quantia em ouro para frequentar a Igreja e garantir um lugar ao céu, fazem questão de salientar os guias turísticos da cidade.  

De qualquer jeito, a fé católica permanece mais viva do que nunca lá pelas bandas de Minas, converte até mesmo os cães. Claro, os sempre fieis. Alguém tem dúvida que a Branquinha já garantiu seu lugarzim no céu?