Crédito: Vivian Lemos

Imagine alguém querer ter em casa uma coruja. De verdade. Viva. Parece estranho, mas existe quem ouse esta extravagância. Macaco-prego também entra nesta lista de desejos esdrúxulos. Animais silvestres viraram moda, agora são pets, e em muitos casos para satisfazer esta necessidade tão indispensável ao ser humano, um grupo de consumistas ajuda a financiar o tráfico de animais. Tem também quem o faça de forma legal. Com licença ambiental. Nestes casos, por desconhecimento da espécie comprada e falta de jeito para lidar com o bicho, o abandono, muitas vezes, torna-se a forma mais viável de se livrar do problema.  Casos de papagaios e tartarugas tigres-dágua. Esta última, são aquelas pequenininhas vendidas para aquário, costumam crescer mais do que o esperado.

Não bastam cães e gatos. Tão comuns. Que sem graça latidos e miados! A maioria da população já os tem. É preciso algo novo, diferente de um simples animal doméstico. Um dos efeitos colaterais de tal exagero consumista é consequência mais cruel para um animal e até mesmo para um ser humano. A privação de liberdade. A impossibilidade de viver para sempre em seu habitat natural.

Em Tijucas do Sul, o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), localizado na Região Metropolitana de Curitiba, é uma amostra deste desejo desenfreado. Atualmente, a lotação é de 1800 animais. Entre aves, macacos, veados, tartarugas e outras espécies. A maioria vítima do comércio ilegal, outra grande parte do abandono e maus-tratos. Em menor quantidade, animais que foram encontrados na mata, filhotes sem família ou vítimas de atropelamento.

Mantido pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), o centro é único no Paraná, recebe quase que diariamente, por meio do Ibama ou da Polícia Militar Ambiental do Estado  centenas de aves apreendidas em nossas estradas. Elas são confinadas em minúsculas caixas sem ventilação. No Cetas, é comum vê-las se recuperando de fraturas nas asas. Traficante não quer saber de bem-estar animal. Muitos casos são de indivíduos reincidentes. A polícia prende. A Justiça solta. E eles voltam a cometer o mesmo crime.

sagui

O carinho e a dedicação de uma das profissionais do Cetas pude ver em uma visita recente. O filhote de sagui é alimentado a cada duas horas na mamadeira pela coordenadora do local, Ana Carolina Fredianelli (na foto). E não pense que durante a madrugada a alimentação é suspensa. O bichinho precisa ser alimentado sem interrupção.

Os profissionais do Cetas se empenham em salvar a vida dos animais e mantê-los de forma que se sintam mais próximos de seu ambiente natural. Inclusive promovem atividades para mantê-los ativos.  Também buscam ao máximo reintroduzi-los à natureza. Mas apesar de todos os esforços, muitos bichos não teriam mínimas chances de sobrevivência. E vivem ali para sempre. Por melhor que sejam tratados, sempre é triste vê-los enjaulados, quando poderiam estar soltos e livres.

papagaio_pirataDepressão – O papagaio Pirata foi adquirido de forma legal. Por algum motivo não se sabe ao certo, estresse talvez, começou a arrancar as próprias penas. A dona não quis saber de acompanhar o tratamento. Hoje, ele vive no Cetas, e deve passar por um tratamento com fitoterapia ou homeopatia. Está na fase de “desmame” quando se retira aos poucos uma medicação alopática, no caso antidepressivos.

Denúncias: o Cetas não está aberto à visitação e não recolhe animais. Ao ter conhecimento  de um animal silvestre machucado ou em situação de maus-tratos ou abandono – tipo araras, tucanos, papagaios, capivaras, jacarés ou comércio ilegal ligue para o Batalhão da Polícia Militar Ambiental, em São José dos Pinhais: (41) 3299-1350.