Avaliações acontecem na quinta, 05 de maio. É necessário cadastro preliminar 

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 Objetivo é verificar se haverá recuperação da sensibilidade, motricidade e controle da micção após transplantes de células-tronco.

O Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da PUCPR está cadastrando cães com paraplegia (paralisia das patas traseiras), perda da sensibilidade e do controle da micção (emissão de urina), decorrentes de hérnia de disco ou fratura vertebral. O objetivo é verificar se os animais recuperarão, após transplantes de células-tronco, a motricidade, a sensibilidade e o controle da micção.

Cadastramento de cães

A partir do dia 26 de abril, a PUCPR realizará avaliações neurológicas em cães com paraplegia. Os interessados em cadastrar os animais da pesquisa devem entrar em contato pelo telefone 41. 3271-2094 (com Letícia ou Felipe) ou pelo e-mail [email protected], informando o nome do tutor do animal, telefone para contato e um relato do problema apresentado pelo bichinho. Nesse momento, apenas cães serão cadastrados.

Avaliação

A primeira avaliação clínica dos animais cadastrados acontecerá no dia 05 de maio (quinta-feira), às 14h, no laboratório do curso de Medicina Veterinária da PUCPR, na Rua Rockfeller, 1311 – Rebouças. Por se tratar de um projeto de pesquisa, nenhum procedimento será cobrado.

Saiba mais:

De acordo com os coordenadores da pesquisa, José Ademar Villanova Junior e Carmen Lúcia Kunyoshi Rebelatto, os problemas neurológicos são muito frequentes e muitas vezes deixam graves sequelas. “Os tratamentos tradicionais incluem o uso de anti-inflamatórios e procedimentos cirúrgicos. Neste estudo avaliaremos os efeitos do uso de células-tronco. O diagnóstico das lesões será por exames neurológicos e de imagem”, explica Villanova.

Serão utilizadas células-tronco adultas extraídas do tecido adiposo (gordura) de cães que participaram da campanha de castração promovida pelo Hospital Veterinário da PUCPR em 2015 (mediante a autorização de seus proprietários). Portanto, o tratamento é com células-tronco alógenas, quando são da mesma espécie do transplantado, mas não do mesmo indivíduo que as recebe. Para verificar a recuperação da continência urinária, serão realizados testes urodinâmicos, que servem para aferir a capacidade de preenchimento e esvaziamento da bexiga urinária. Sensibilidade e motricidade serão avaliados por exames neurológicos e de eletroneuromiografia.

A hérnia de disco intervertebral mais frequente em cães é a do tipo I de Hansen, ela se caracteriza pelo deslocamento do material interno do disco intervertebral (núcleo pulposo) para dentro do canal vertebral, aonde se encontra a medula espinhal que possui fibras motoras e sensitivas, similar a uma fiação elétrica. “Se algo comprime esta fiação o comando ou captação de sinais fica prejudicado ou deixa de existir, causando paraplegia (perda da motricidade nas patas traseiras), perda da percepção dolorosa e do controle da micção”, complementa o coordenador da pesquisa.

Considerada uma doença neurológica bastante comum em cães, a hérnia de disco atinge principalmente a região toracolombar da coluna vertebral, e é mais frequente nas raças Dachshund, Lhasa Apso, Maltês e Shih Tzu. Eles são mais suscetíveis por apresentarem a coluna vertebral proporcionalmente mais longa em relação aos membros (braços e pernas). Dentre essas raças, a Dachshund é a mais propensa. Estudos apontam que 20% desses animais têm, tiveram ou terão hérnia de disco. A idade em que a doença mais aparece é entre os 3 e 6 anos. Pesquisas também mostram que 27% dos cães que já tiveram hérnia de disco terão novamente entre seis meses a dois anos da primeira ocorrência.

Em 2014, o mesmo grupo de pesquisa realizou estudo de células-tronco com ratos paraplégicos e o resultado foi a recuperação parcial dos movimentos e do controle urinário. O estudo foi realizado em 63 ratos divididos em três grupos. A análise dos resultados demonstrou que 66,6% dos ratos que receberam apenas células-tronco tiveram melhora no controle urinário, e 23,8% dos ratos recuperaram parcialmente os movimentos. Foi possível afirmar por este estudo que as células-tronco apresentaram efeitos benéficos na recuperação de ratos com incontinência urinária e perda total de movimentos em membros inferiores/pélvicos, porque os ratos do grupo controle (que não receberam as células-tronco) não apresentaram nenhuma melhora clínica.