A maneira como uma empresa é gerenciada interfere diretamente em seus resultados e, principalmente, em sua presença e longevidade no mercado. Em empresas familiares, a gestão tem papel fundamental para o bom desempenho dos negócios. Prova disso é que a profissionalização contínua das atividades e de seus membros pode assegurar à família empreendedora a tão sonhada longevidade empresarial, mesmo diante dos desafios e incertezas presentes nessa trajetória.

Segundo a advogada Monique Souza Pereira, sócia do escritório Souza Pereira Advogados, de Curitiba, é preciso traçar regras claras de gestão, governança e sucessão, em todos os estágios de vida da empresa, evitando que a inércia do fundador em momentos cruciais promova o declínio do seu negócio. “No início, grande parte das empresas começam suas atividades por meio de ideias, colocadas em prática por seus idealizadores. Nessa fase, observamos que seus proprietários estão no centro de todas as funções, e com essa centralização as estruturas organizacionais são informais sem nenhum tipo de planejamento”, analisa Monique.

O grande desafio desse estágio é ter uma visão racional do empreendimento para que esperanças pessoais motivadas pela idealização dos sonhos dos fundadores não ofusquem o julgamento sobre a viabilidade do negócio. Após o período de fundação, a advogada afirma que a empresa familiar poderá evoluir até o segundo estágio identificado como expansão, quando sinais de crescimento começam a se fazer presentes em diversas áreas, tais como, vendas, produtos, maior número de funcionários, adição de políticas de recursos humanos, controles mais rígidos e investimentos em sistemas e equipamentos. “Nessa fase, o proprietário ainda poderá estar levantando capital para manter a empresa operando em um nível sustentável, ocasião em que deverá ter cautela para que as necessidades pessoais da família não absorvam os recursos financeiros que deveriam ser investidos no negócio”, revela a especialista.

Depois de todo esse processo a empresa familiar passa pelo terceiro estágio, caracterizado como maturidade. De acordo com o especialista em governança corporativa, Nelson Luiz Paula de Oliveira, esse estágio é alcançado quando os principais produtos ou serviços da empresa passam a ter uma evolução mais lenta. “A maturidade ocorre quando as margens, antes saudáveis, começam a diminuir, os concorrentes se propagam e as vendas se estabilizam ou declinam. Ou seja: as empresas precisam se reinventar para superar essa fase, apontada por muitos estudos como a mais crítica para a sobrevivência do negócio”, avalia Oliveira.

Portanto, no decorrer desses estágios é importante que o fundador tenha uma equipe capacitada, incluindo membros das próximas gerações da família e que, segundo o especialista, adote boas práticas de governança, tanto para assegurar maior controle nos processos de gestão, como para promover um direcionamento mais estratégico aos negócios. “Além disso, é importante planejar a passagem da empresa a um sucessor competente e habilitado, mantendo viva a confiança de todas as partes que com ela se relacionam, pois sem regras de sucessão, na ausência do fundador, a empresa poderá perder seu rumo e a credibilidade de seu mercado”, alerta Oliveira.

 

Editado por Maximilian Santos
Crédito da foto: Divulgação.