A Polícia Militar (PM) instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias da morte de um adolescente atingindo por um tiro disparado por um sargento em frente ao estádio Couto Pereira no domingo (19). O policial militar já foi afastado das funções e alegou, em depoimento, que o tiro foi acidental. 

O adolescente estava com outros torcedores do Coritiba que seriam escoltados pela PM até a Arena da Baixada, onde aconteceria o clássico Atletiba. Pouco antes do início da escolta, o torcedor foi atingido no peito por um tiro efetuado por um sargento da ROTAM, a Ronda Tático Motorizada. Ele foi socorrido pela própria Polícia e levado ao Hospital Cajuru, mas morreu durante uma cirurgia. 

Corpo de torcedor morto em frente ao Couto é velado no Sítio Cercado

Depois da ocorrência, o sargento se apresentou no quartel da PM e já prestou depoimento. Segundo o tenente-coronel Wagner Lúcio dos Santos, o sargento disse que o tiro foi acidental. Ele relatou que, ao entrar numa viatura, resolveu colocar a arma, uma submetralhadora .40, na chamada bandoleira, que é uma alça presa ao uniforme. Neste momento, a arma estava destravada e apontada para fora, na direção dos torcedores. Foi quando o tiro acabou disparado.

No depoimento, o sargento disse que não acionou e nem estava com o dedo no gatilho. A arma foi recolhida para perícia. Segundo o tenente-coronel, é possível que uma submetralhadora dispare sem apertar o gatilho. Mas ele não deu detalhes de que tipo de falha pode provocar um tiro acidental.

O sargento já foi afastado das funções operacionais por 15 dias. Depois desse período, se tiver condições de retornar ao trabalho, ele passará a realizar apenas atividades administrativas. O inquérito policial militar, que já foi aberto, tem até 40 dias úteis para ser concluído, prorrogáveis por mais 20.

No momento em que o adolescente foi atingido, não havia nenhum conflito entre a torcida e a situação era tranqüila em frente ao Couto Pereira, segundo a PM. O tenente-coronel pediu desculpas, em nome da corporação, pela morte do rapaz.

O Coritiba se manifestou nas redes sociais e prestou solidariedade aos amigos e familiares da vítima. Pelo Facebook, a torcida organizada do clube, a Império Alviverde, lamentou a morte do adolescente e criticou a ação da PM, classificada como um despreparo absurdo. A Império disse que está à disposição para esclarecimentos e afirmou que adotará todas as medidas necessárias para que a morte do torcedor não fique impune.