O site NoMínimo (www.nominimo.com.br) está saindo do ar. Ainda que se torça para que na última hora os índios cheguem para salvá-lo da cavalaria fecha as portas no dia 30 com gosto de quero mais. Fugiram-lhe os patrocinadores. Fugiu-lhe a operadora de telefone que lhe dava lastro. Em cinco anos, desde que foi gestado nos porões da casa de Tutty Vasques, o NoMínimo consolidou uma espécie de jornalismo que se revelou rara nas redações. Talvez nunca tenha existido. Ali estavam profissionais de imprensa de renome, com larga experiência, produzindo um “jornaleco” no melhor sentido ivanlessiano.
Não era jornalismo alternativo, com aquele viés pôrraloca que se atribui por aí. Era jornalismo, ponto, de causar inveja aos assépticos matutinos que trazem hoje a notícia de anteontem. Valha-nos!
O NoMínimo era também mais do que isso. Era um fiel seguidor de outro site que revolucionou a teia em seus primórdios: o NO. (notícia e opinião). Foi ali que se gestou também, sem negaceio de ascendência e DNA, o que viria a ser o projeto NoMínimo de jornalismo opinativo, naquele estilo há muito enterrado em alguma cova rasa pelos paquidermes da mídia.
Gosto de imaginar, aqui sem os meus botões, que o NoMínimo traduzia um espírito de jornalismo perdido com a morte de Paulo Francis em 1997. Despojado e sem o compromisso de agradar Getúlios e Obdúlios – essa gentinha que nunca mostrou o seu valor.
Em coluna escrita no dia 23, Tutty Vasques, editor e, creio eu, principal estrela do site, chorou as pitangas com um texto que vale a pena ser reproduzido (aqui) e guardado com carinho.

Deixo um petisco:

“Vítima de minhas tentativas de fazer piadas – fui o primeiro a perceber, por exemplo, que Ziraldo estava ficando preto na mesma proporção que Michael Jackson embranquecia -, o cara virou dono de revista e me chamou para ser seu colunista. Fabuloso! É isso – e não o fracasso do projeto, a penúria dos proventos e algumas companhias meio esquisitas – que me ocorre contar sobre minha passagem por Bundas“.

“De um ambiente de trabalho como este você jamais esquece: NoMínimo terá para sempre destaque entre as grandes paixões de minha vida. O fim, nesse caso, como nos outros que narrei acima, não é a morte. É hora de mudança. Este NoMínimo, do jeito que é agora, deixa de existir no próximo dia 30.”

“Escrevo do dia 23, ainda temos conversas abertas com portais, patrocinadores e anunciantes, acreditamos em Deus de vez em quando… Um novo projeto pode germinar das gestões articuladas de nossa sala aos pés da santa cruz da Igreja da Glória, na mais fina companhia da VídeoFilmes e da revista “piauí”. O certo é que – melhor curtir logo este luto para se livrar dele – o NoMínimo, pelo menos com este nome e esta cara que aí está, será enterrado por contrato daqui a 7 dias, talvez até na véspera para não cair num sábado e estragar o fim de semana de ninguém.”