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Esqueçam o que escrevi abaixo sobre o futebol feminino. As manchetes dos sites de notícia se encarregaram de dar o tom sombrio da derrota para a Alemanha hoje na final do Mundial: ‘Marta desperdiça pênalti e seleção fica com o vice’. É o tipo de derrotismo que nutre os parasitas detratores do futebol. Daqui a pouco vão lembrar das quartas-de-final da Copa de 86, comparar Marta a Zico, e condenar o futebol feminino pelo que ele tem de mais bonito: a arte. Sim, porque é preciso ser  artista para jogar daquele jeito como Marta e companhia. O resto é futebol botocudo tal e qual o praticado pelas alemãs.

Mais um pouquinho, um tiquinho só, e chamam o Parreira para dirigir o time – afinal ele está louquinho para dar no pé da África do Sul. Mais um pouquinho e convocam uma Dunga de saias para dar botinadas, matar de canela e chutar de bico. Vade retro!

Se Marta deve ser lembrada – e ela DEVE ser lembrada – é pelo drible fantástico que deu na americana na vitória de 4 a 0 do Brasil na semifinal. O resto é Finazzi. O Brasil foi bem, enquanto o fôlego das jogadoras durou. Venceu a blitzkrieg das alemãs e a vista grossa da juíza australiana em jogadas que, pela plasticidade, não deveriam ser “assassinadas” a tacape como fizeram as loiras vitaminadas. Lembremos, Marta tem apenas 21 anos de idade. Terá 25 no próximo Mundial. Se não foi desta vez, será na próxima. Só não deixem o talento morrer de inanição. É o que a CBF vem fazendo desde que o Brasil venceu a Copa do Mundo de 94. Há 13 anos, portanto, somos assombrados pelo espectro do dunguismo.  Santa Marta, rogai por nós.

Fonte: AP