A coluna Toda Política deste sábado no JE.

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O ano vai para as calendas e deito aqui meus agradecimentos aos leitores (todos os seis, ou melhor, cinco porque mamãe não conta) pela paciência e pertinácia. Parodiando Balzac – sim, o Honório – eu diria que não há nada mais infalível do que um jornalista mudo. Quaquaquá. Falíveis somos, portanto. E se me vale um epitáfio ainda em vida este é surrupiado da TV: “Desculpe a nossa falha”.
A quem me joga na cara a acusação de praticar o jornalismo pastelão ante o que deveria ser a imagem de uma imprensa “séria e respeitável”, já que o terreiro é a política, refuto com a galhofa. Rir é o que nos resta.
Em tempos bicudos, lá se vão três anos e meio, fui convidado pela chefe de redação deste jornal, Josianne Ritz, a ocupar este espaço. A ela devo a invenção do colunista.
Mas é pouco. Junto com o pacote também veio uma liberdade nunca dantes imaginada na imprensa paranaense. Falei o que quis em cerca de 1.300 colunas escritas, 959.400 palavras, 5,7 milhões de caracteres. Nunca fui censurado, nunca recebi “encomendas” da direção, nunca fui induzido a “pegar leve” mesmo quando errei, passei dos limites, chutei o pau da barraca, arrepiei a peruca e, no processo contínuo de causa e efeito, expiei os meus pecados.
Fazer jornalismo diário é viver cotidianamente no céu de Brigadeiro e no inferno de Dante. No momento em que batuco estas linhas, monitoro as notícias que chegam no e-mail, no blog, nos sites e nos demais veículos de comunicação. É uma tarefa árdua, inglória e, salvo honrosas exceções, mal remunerada.
Por essas e outras ri às escâncaras com a notícia de que os barnabés estaduais haviam se “revoltado” com a suspensão do, cuméquié?, recesso natalino. Essa gente é mesmo do balacobaco.
Conforta-me saber, em meio a tantas estultices, que no jornal onde maltrato diariamente a flor do lácio há um círculo de respeito e confiança mútua que, de certa maneira, compensa os dissabores do dia e da profissão.
Jornais têm destino ingrato. Poucos vão para os arquivos ou para as bibliotecas públicas. A maioria vai dar em embrulho de peixe, em calço de mesa, em forro de gaiola de periquito ou na lata de lixo. O que não é nada desabonador, diga-se, se a tarefa de informar foi observada.
Jornalista não escreve no papirus da eternidade. O que conta é o apego à informação e ao filão da notícia. É este o papel de uma equipe que é pequenita mas cumpridora. Não à toa, o JE faz (e sempre fez) escola.
Carl Bernstein, que dispensa apresentação, diz que jornalismo nunca é a verdade, mas a melhor versão dela. Eu nem me arriscaria a tanto. Se ousasse falar em nome do jornal, diria que, enquanto o apocalipse não vem, nós continuamos aqui batucando a caixinha de fósforo. Eis uma singela contribuição. Feliz Ano Novo.

É caca, neném
O crescimento do número de veranistas no litoral do Paraná redundou em óbvio aumento de pontos impróprios da Cocô Beach. De 6 para 13 em uma semana. O número representa 30,2% dos 43 pontos examinados. É muito.

Cinematográfica
Quem viu a mansão de veraneio do deputado Carlos Simões (PR), em Matinhos, define: “É coisa de Hollywood”.

Vai encarar?
A residência, de frente para o mar, tem um jardim imenso, piscina olímpica, casa de barcos e um portão vigiado dia e noite por dois seguranças com cara de poucos amigos. Perfeito.

Pendura mais uma
Em 15 dias, a contar de hoje, o governo deverá começar a pagar R$ 50 mil diários à Justiça por não cumprir sentença que obriga a desocupação dos sem-terra da fazenda da Syngenta Seeds.

ARREMATE
Pobres barnabés. O TJ negou liminar e a rapaziada vai ser obrigada a “cumprir tabela” na repartição pública até o dia 4 de janeiro. Recomenda-se a leitura do livro “O Ócio Criativo” de Domenico Di Masi.

OBLADI-OBLADÁ
Ainda que a ação do Ministério Público Eleitoral para reaver o mandato de 700 “infiéis” pareça muito correta, afinal os parlamentares, não respeitaram o prazo determinado pelo TSE, há que se levar em conta que muitos caíram nas mãos dos chamados “donos de partido”. Casos como o do PV e do PPS, que mantêm comissões provisórias em todo o estado e são controlados com mão de ferro, respectivamente, por Melo Viana e Rubens Bueno, não foram contemplados pelo procurador eleitoral, Neviton Guedes. *** Mais: é impressão ou Guedes está louquinho por um holofote?

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