A coluna Toda Política deste sábado no JE.

Bem disse o candidato do PSOL à prefeitura de Curitiba, Bruno Meirinho, com aquela cara de Trotsky tardio: abaixo as catracas!
Pois o brado de protesto deveria servir para a Secretaria do Meio Ambiente, comandada com mão de ferro por Rasca Rodrigues. Rasca mandou implantar na sede da secretaria um novo sistema para controlar a entrada e saída de funcionários e visitantes, que começou a vigorar na última segunda-feira. Há câmeras, cartão digital, porteiros e seguranças fazendo cara de mau.
Só o conjunto de catracas que libera o acesso eletronicamente custou R$ 10 mil aos cofres públicos. Tão avançado e tão prafrentex é o sistema que, na terça-feira – sim, um dia depois da inauguração, que contou com bandinha, marcha-rancho e fita vermelha – parou de funcionar.
Motivo: o sistema de cadastramento do setor de RH (obtuso, ultrapassado) não consegue se comunicar com a catraca da portaria (moderna, high-tech).
O resultado era previsível: tumulto e confusão entre funcionários, visitantes, porteiros e seguranças com cara de mau.
Quem indagar de Rasca Rodrigues as razões para tanta empolação tecnológica vai ouvir o discurso de um chefe rigoroso. Ele é obcecado por horários e quer ver os barnabés – comissionados ou não – cumprindo o expediente, o que é elogioso.
Atualmente, Rasca divide o seu tempo entre a coordenação de campanha do candidato do PMDB à prefeitura, Carlos Moreira, e os afazeres da SEMA – que é a sigla da secretaria.
Sua obstinação por dar cara bonita a uma portaria é louvável em um condomínio. Em uma repartição pública é desperdício de dinheiro público.
Talvez pareça ao secretário que, com a “obra”, deixe para a posteridade sua marca administrativa. Os passos indeléveis de quem veio, viu e venceu.
De certa forma, a função da “portaria” de Rasca é a mesma da ponte de concreto e ferro. Um monumento narcisista com propósito óbvio.
Levasse ele o rigor do horário ao trato da coisa pública e talvez abandonasse a idéia tecnológica da catraca e retirasse do baú o relógio-ponto e o livro de visitas.
Parece uma solução anacrônica, mas certamente a imagem de Rasca Rodrigues seria melhor do que a que aparenta. E com menos danos ao meio ambiente – se é que ele me entende.

Longe, longe
Pesquisa do Ibope/RPC divulgada ontem mostra Beto Richa com 70% das intenções de voto contra 16% de Gleisi Hoffmann (PT).

Dois lá, três cá
Richa teve oscilação negativa dois pontos (de 72% para 70%) e Gleisi registro oscilação positiva (de 13% para 16%).

Favorito
Ainda assim, Richa venceria no primeiro turno, uma vez que a soma dos percentuais de seus adversários é de 21%.

Vai mal, vai pior
Quem ficou fulo da vida foi o petebista Fábio Camargo. Ele caiu de 4% para 2% e agora está empatado na terceira posição com Carlos Moreira, que saiu do 0% e chegou a 2%.

Um consolo
Camargo, no entanto, é imbatível no item rejeição: 26%. Richa tem 6%.

Rejeite-se
O Ministério da Previdência devolveu à Assembléia Legislativa o projeto de aposentadoria complementar. Viu incongruências na lei. As mesmas que o TJ do Paraná se recusou a enxergar.

Marajás
Pelo projeto, já aprovado na Assembléia, os deputados receberão, com 35 anos de contribuição, o equivalente a R$ 10 mil de aposentadoria.

“Ajudinha”
Detalhe: para que o fundo seja implementado é preciso injetar R$ 64 milhões dos cofres públicos mais uma contribuição mensal, não especificada, do legislativo.

Coisa pouca
A exigência é banal: basta que o político tenha comprovado cinco mandatos e tenha, no mínimo, 60 anos.

Quem diria
A empresa de lixo Vega, citada como financiadora de campanhas em todo o país pelo candidato do PV, Maurício Furtado, no debate da Band doou, em 2006, R$ 940 mil à campanha do PT e, ora ora, R$ 360 mil ao Partido Verde.

É fato
Sim, Richa recebeu a bagatela de R$ 100 mil da empresa em 2004.

ARREMATE
De um ancião da província: “O jogo político é sujo, mas é preciso respeitar a Convenção de Genebra. Afinal, até na zona há regras”.

OBLADI-OBLADÁ
Se você não sabe, deveria saber: Eduardo Requião é o palestrante na “Escolinha” da próxima terça-feira. Vai discorrer sobre a sua posse na Secretaria Especial para Assuntos Portuários. Imperdível! *** O tucano Beto Richa acusou, ontem, a candidata petista Gleisi Hoffmann de “mentir” na divulgação de gastos de viagem da prefeitura em quatro anos. *** Gleisi disse no debate que o valor é de R$ 21 milhões. *** Beto diz que foram R$ 3 milhões. *** Gleisi disse que os dados foram retirados do site do município. *** Beto rebate e afirma que Gleisi confundiu previsão orçamentária com gastos efetivos. Afe!

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