Vitória de Pirro
Roberto Requião é um fenômeno. A 730 dias do final do calvário – atual mandato – o peemedebista conseguiu a façanha de atingir índices de desaprovação que englobam metade da população do Estado.
O motivo principal é a discrepância entre o discurso da “Carta de Puebla” e as ações. A máscara caiu. Muitos dos eleitores que ajudaram o governador a se perpetuar no Poder e lhe asseguraram um novo mandato em 2006 já não acreditam mais em seu discurso repetitivo e vazio.
Se as eleições fossem hoje e a disputa envolvesse o prefeito Beto Richa (PSDB), o senador Osmas Dias (PDT) e o próprio Requião, certamente o terceiro sequer chegaria ao segundo turno.
Ao derrotar Osmar Dias em 2006, por diferença de 10,4 mil votos, Requião obteve a clássica “Vitória de Pirro” – expressão utilizada para expressar uma vitória obtida a alto preço, potencialmente acarretadora de prejuízos irreparáveis.
Assim como o lendário general grego, o governador paranaense não mediu custos para saciar sua ganância, manter as mordomias, acomodoar os familiares e preservar a imunidade parlamentar. Pagam os contribuintes.
A dois anos das próximas eleições, Requião já prepara terreno para obter nova vitória – mesmo que seja de Pirro – e garantir confortável cadeira no Senado.
Para repor os prejuízos da disputa anterior e encher as burras para 2010, o governador já comandou os vassalos da Assembléia na operação que culminou com a aprovação do projeto de reajuste do ICMS de combustíveis, energia elétrica, bebidas e telefonia.
Como a democracia das urnas não é a mais justa das democracias, Requião será eleito senador. Em pouco tempo, estará isolado em Brasília, mas deixará para trás a herança maldita de um governo pautado pelos interesses pessoais.

Teias de aranha
Os deputados estaduais, principalmente o presidente da Assembléia, Nelson Justus (DEM), insistem na teoria de que durante o período de recesso parlamentar as atividades na Casa seguem normalmente. Rápido acesso a página do Legislativo na internet revela que as atualizações do site cessaram no último dia 17.

Terno e gravata
O vereador Julião da Caveira (PSC), muito habituado ao chinelo de dedo, regata e bermuda, se comprometeu com o presidente da Câmara de Curitiba, João Cláudio Derosso (PSDB), a trajar terno e gravata na cerimônia de posse dos eleitos no próximo dia 1º. O presidente da torcida organizada “Os Fanáticos” levou um puxão de orelhas de Derosso no último dia 22, quando apareceu no estilo “praiano” na sessão preparatória para 2009.

PMDB no Litoral
Nem mesmo o período de férias e as festas de final de ano parecem esfriar os ânimos dos peemedebistas do Paraná. No Litoral, o secretário de Estado do Meio Ambiente, Rasca Rodrigues e o prefeito de Pontal do Paraná, Rudisney Gimenes – ambos correligionários de Requião (PMDB) – travam uma pequena guerra. Rasca acusa Gimenes de ter determinado a retirada de sinalização instalada pelo governo do Estado alertando os veranistas sobre a proibição do estacionamento de carros em áreas de restinga. “O prefeito não tem qualquer compromisso com o meio ambiente. É do meu partido, mas isso não pode acontecer”, dispara Rasca.

R$ 50 milhões
O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) notificou as Prefeituras de Pontal e Guaratuba e deu prazo de 48 horas para que as placas de sinalização sejam reinstaladas, sob pena de pagamento de multa de R$ 50 milhões.

FATOS OU BOATOS?
O vice-governador Orlando Pessuti (PMDB) será o representante do Governo na cerimônia de posse dos eleitos em Curitiba neste dia 1º. Pessuti, que tem bom relacionamento com o prefeito Beto Richa, substituirá Roberto Requião, que permanece com os familiares na Ilha das Cobras.

FRASE DO DIA
“Já está na hora do governador Requião devolver o Paraná aos trilhos do desenvolvimento. Vamos cobrar isso. Qualquer erro ou falta de políticas de desenvolvimento será sentido em grande intensidade pela população. Com raríssimas exceções, não é possível apontar grandes conquistas neste período”, do líder do bloco Democrata na Assembléia, deputado Plauto Miró, sobre os primeiros dois anos do atual mandato do governador Roberto Requião (PMDB).

RÁPIDAS
Em Curitiba, a cerimônia de posse dos eleitos, nesta quinta-feira, será dividida em duas etapas. Na primeira, que começará às 16h, ocorrerá a sessão solene de instalação da 15ª legislatura e posse dos 38 vereadores eleitos para o mandato 2009-2012.***Em seguida, o prefeito Beto Richa e o vice-prefeito Luciano Ducci tomarão posse perante a Câmara Municipal de Curitiba. Depois de assinar o termo de posse, Richa fará o seu primeiro pronunciamento como prefeito reeleito de Curitiba.*** Às 19h, começará a segunda cerimônia, com a posse do secretariado municipal para o segundo mandato do prefeito Beto Richa e do vice-prefeito Luciano Ducci.