O discurso e comportamento de Orlando Pessuti (PMDB) na posse como novo governador do Estado foi de um contraste gritante com a performance de Roberto Requião no teatro Guaíra na véspera. Enquanto Requião repetiu a ladainha de ataques contra a mídia, Jaime Lerner, a Justiça, o pedágio e outros adversários reais e imaginários, Pessuti esbanjou afabilidade e simpatia, conquistando a platéia que por diversas vezes o interrompeu para aplaudi-lo de pé.

O clima, na cerimônia de posse na Assembleia Legislativa, era de indisfarçável alegria e até alívio diante dos novos tempos na administração estadual. Em lugar do ressentimento e da raiva alimentada por Requião nestes últimos pouco mais de três anos depois que ele quase perdeu a eleição para Osmar Dias, as cantorias e o sorriso aberto de Pessuti – um dos raros políticos paranaenses que parece não ter inimigos.

Outra diferença de Pessuti e Requião é que enquanto o segundo exibe com orgulho a arrogância e a prepotência de quem se acha uma espécie de “déspota esclarecido”, o novo governador a todo momento demonstrava a humildade e a simplicidade de quem veio da “roça” e venceu, apesar das dificuldades. E são exatamente essas características o grande trunfo de Pessuti para atrair a simpatia do eleitorado e mostrar que pode sim ser um candidato competitivo às eleições de outubro para o governo.
Chamou a atenção também o fato de que no discurso de posse de cinco páginas, Pessuti fez uma única menção direta a Requião. Para muitos, um sinal claro de que o novo governador está finalmente disposto a “sair da sombra” do antecessor, para imprimir sua própria marca na administração estadual.