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A disputa eleitoral contaminou de vez os trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras, ontem. Em um mesmo dia, aliados do governo Dilma Rousseff pediram a convocação do candidato do PSDB à presidência, Aécio Neves, e dos parlamentares paranaenses – senador Álvaro Dias (PSDB) e deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB). Do outro lado, parlamentares de oposição apresentaram requerimentos para que a senadora e ex-ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT) e seu marido, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.

As convocações são fruto das denúncias feitas desde a semana passada pelo ex-diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa e outros envolvidos no escândalo de desvio de recursos da estatal para pagamento de propina a políticos. Na semana passada, veio à tona depoimento de Costa – preso na operação Lava Jato – depoimento dado por ele ao Ministério Público Federal, apontando que o ex-presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, teria recebido R$ 10 milhões do esquema em 2009 para ajudar a abafar a investigação de outra CPI sobre os negócios da companhia. Guerra integrava a comissão junto com o senador Álvaro Dias (PSDB). Ambos deixaram a CPI alegando que a base do governo impedia qualquer investigação.

Na terça-feira, Leonardo Meirelles – “laranja” do doleiro Alberto Youssef, também preso na operação Lava Jato – afirmou em depoimento à Justiça Federal que além de Guerra, outro político da região de Londrina teria recebido recursos do esquema, sem dar nomes.

Além disso, Costa também afirmou ao MPF que Gleisi Hoffmann teria recebido R$ 1 milhão para sua campanha ao Senado em 2010, a pedido de Youssef. Segundo ele, a informação poderia ser confirmada através de anotações feitas em uma agenda apreendida pela Polícia Federal, na qual constariam as iniciais “PB”, referentes a Paulo Bernardo.

O líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP), disse que a CPI não pode funcionar “em clima eleitoral”, mas confirmou que orientou a bancada a apresentar requerimentos pedindo a convocação do senador reeleito Alvaro e de Aécio Neves, que acumula a presidência nacional do partido. “O outro (ex-presidente nacional da legenda Sérgio Guerra) morreu, mas a responsabilidade é a mesma”, afirmou. O deputado federal Afonso Florence (PT-BA) foi quem pediu a convocação de Alvaro e Hauly.