Tudo indica que o PMDB do Paraná dificilmente levará à frente a intenção de punir com a expulsão do partido o ex-governador Orlando Pessuti, que apareceu na reta final do primeiro turno da campanha no programa eleitoral do governador Beto Richa (PSDB) na televisão para pedir que os paranaenses não votassem no candidato da legenda ao governo, senador Roberto Requião (PMDB). Vinte dias depois, o processo disciplinar aberto contra Pessuti pelo Diretório Estadual do PMDB não andou, e a única sanção aplicada pela sigla foi a suspensão das atividades partidárias do ex-governador por 60 dias. 

A suspensão, recomendada pela relatora do processo no Conselho de Ética do PMDB, Márcia Ferreira, tem pouco efeito prático, limitando-se a impedir Pessuti de na eleição da Comissão Executiva Estadual do PMDB, marcada para o dia 15 de novembro. O presidente do Conselho de Ética, Sérgio Marchauek disse que encaminhou um pedido de documentos ao diretório estadual do PMDB para que fosse dada continuidade ao processo contra Pessuti. Encaminhei duas ‘GRs’ ao diretório estadual e agora vou esperar até quarta-feira, afirma.
Depois da chegada dos documentos, o ex-governador deve ser chamado para depor e esclarecer os motivos que o levaram a agir contra o candidato do partido. Marchauek não explica quais são os documentos pendentes. A reunião do conselho foi realizada no dia 15 de outubro. Depois que recebermos os documentos vamos esperar para analisar. Não tem prazo, desconversa.
O presidente estadual do PMDB, o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures, não sabe quais são os documentos requeridos ao diretório que ele preside. O que eu sei é que eles (o Conselho de Ética) fizeram uma reunião na semana passada, o Sérgio presidiu a comissão e a Márcia foi escolhida para relatar o processo, recua. Pessuti afirma que não recebeu notificação oficial. Até agora só fui informado pelo Rodrigo Rocha Loures que eu estava suspenso cautelarmente. Qualquer outra coisa é subjetiva, confirma.
A pena sugerida pela relatora do processo no conselho de ética, vereadora de Pinhais Márcia Ferreira, é a suspensão da filiação de Pessuti por 60 dias. A recomendação da Comissão de Ética é que fosse acatada a decisão da Executiva Estadual (suspensão da filiação por 60 dias). Nós assistimos vídeos e depoimentos contra o Requião e o documento foi acatado por unanimidade, esclarece. O pedido de suspensão ainda pode ser cancelado caso a defesa de Pessuti entre com alguma ação na Justiça Comum para impedir a decisão do partido.
Antecedentes – Pessuti rompeu com Requião desde a eleição de 2010, quando o antecessor o impediu de ser candidato ao governo, levando o PMDB a apoiar a candidatura do ex-senador Osmar Dias (PDT). Nas eleições deste ano, ele tentou novamente ser candidato, mas desistiu depois que viu que não teria apoio suficiente dentro do partido. O ex-governador se aliou então à ala do PMDB comandada pelos deputados estaduais que defendia o apoio do partido à reeleição do governador Beto Richa, derrotada na convenção da legenda, que preferiu a candidatura própria de Requião.
Quando Pessuti apareceu no programa de Richa, na última semana antes do primeiro turno, o senador e candidato do PMDB deixou clara a intenção de expulsá-lo do partido. O ex-governado reagiu alegando ter apenas dado um depoimento pessoal. Não sou candidato, não ocupo funções de dirigente partidário. Sou, neste momento, tão somente um simples filiado do PMDB e o partido nacionalmente deliberou em convenção que o partido apoiasse outros candidatos que não o (vice-presidente da República) Michel Temer, argumentou na ocasião.