vargas

O deputado federal André Vargas (sem partido) conseguiu adiar a votação do pedido de cassação de seu mandato por quebra de decoro parlamentar por envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, preso na operação Lava Jato sob a acusação de comandar um esquema de lavagem de dinheiro e desvio de recursos da Petrobras para pagamento de propina a políticos e partidos. Ontem, Vargas comunicou ao comando da Câmara que realizou uma cirurgia na boca e vai precisar pelo menos de uma semana para se recuperar. Com isso, a votação da perda de seu mandato que deveria ocorrer na próxima semana deve ser marcada para os dias 3 ou 4 de dezembro.

Por telefone, Vargas afirmou aos assessores da Câmara que o procedimento ocorreu na terça, sem dar detalhes, ficando de enviar um atestado médico nos próximos dias. O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), considerou que o adiamento por uma semana é um prazo razoável e tem objetivo de garantir a ampla defesa do parlamentar. À Folhapress, ele negou que haja o risco de o processo não ser votado até o fim dos trabalhos do Congresso neste ano, no final de dezembro. “Ele foi cirurgiado e pediu um tempo mínimo necessário para sua recuperação quer seria de uma semana apenas”, disse Alves. “Ele quer comparecer e se defender no plenário”, defendeu.

A estratégia é tentar protelar ao máximo a votação para que ela não aconteça antes do encerramento das atividades deste ano no plenário da Casa. Com isso, ele evitaria ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa, o que o deixaria inelegível por oito anos.

O processo ficou parados dois meses na Comissão de Constituição e Justiça, graças a sucessivas manobras da defesa e de aliados do parlamentar. Para a cassação ser aprovada no plenário, são necessários 257 votos favoráveis.

Em agosto, o Conselho de Ética considerou que Vargas havia quebrado o decoro parlamentar por intermediar, junto ao Ministério da Saúde, negócios do doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal por envolvimento em esquema de lavagem de dinheiro.

No último dia 11, a CCJ rejeitou o último recurso apresentado pelo parlamentar. Logo após a rejeição do recurso, Alves havia anunciado que o processo seria votado em Plenário nesta semana, mas precisou rever a decisão por causa da cirurgia de Vargas.